Após ter parte da sua casa destruída por causa de um temporal, Jorge Bem, um dos nossos mais celebrados, entre todos os nossos compositores e cantores, decidiu mudar-se para o Hotel Copacabana Palace, certamente, o melhor aposento hoteleiro do Rio de Janeiro, e de lá, compôs uma das suas mais emblemáticas canções. Dito e feito, assim a denominou: chove, chuva.
A despeito da sua obra ter como objetivo e ao mesmo tempo lembrar e prevenir futuras tragédias, assim como tem feito os nossos mais responsáveis ecologistas, nada a ver com os radicais, ainda assim, muito pouco as nossas autoridades conseguiram fazer no sentido de evitar que tragédias como a que está acontecendo no Estado do Rio Grande do Sul voltasse a acontecer.
Inspirado no seu amor, divino ou não, assim ele compôs em uma de suas estrofes: “Pois eu vou fazer uma prece/Pra Deus, nosso senhor/Pra chuva parar/De não molhar o meu divino amor”.
No mundo inteiro, no nosso país, em particular, ao invés das sempre esperadas chuvas trazerem soluções para parte dos nossos problemas, com indesejável freqüência, seus excessos têm produzido as nossas piores tragédias. E quem são os culpados?
Se antes, sequer a ciência conseguia identificar, e em sua plenitude, quais as causas e as conseqüências que os desequilíbrios climáticos provocam presentemente não mais, porque muito já se sabe, cientificamente, o que precisa ser feito para evitá-los.
De outro lado, os nossos gestores públicos, e em todos os níveis, sobretudo àqueles que só pensam nas próximas eleições e nunca nas próximas gerações, por décadas à fio, permitiram a ocupação das nossas já identificadas áreas de riscos, a exemplo do que aconteceu em 445 dos 479 municípios gaúchos. O Estado do Rio de Janeiro é outro que também se presta como exemplo da desatenção das nossas autoridades para com a nossa própria natureza, já que está sempre pronta para reagir quando abusada.
O nosso futuro, econômico e ambiental, nunca esteve tão carente de viver em harmonia, mas para tanto, quem menos poderá nos orientar são os xiitas que defendem o desenvolvimento econômico a qualquer custo e preço e os ecologistas que consideram o nosso agro-negócio uma atividade criminosa.

