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quinta-feira, 22 de maio de 2025
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Acre

“Medida cumpre decisão judicial”, diz secretário sobre instalação do Centro Pop

Atualizada em 21/05/2025 16:25

A transferência do Centro Pop — espaço destinado ao acolhimento de pessoas em situação de rua — para uma casa localizada no bairro Castelo Branco, em Rio Branco, gerou forte reação entre os moradores da região. Indignados com a mudança, dezenas de pessoas bloquearam novamente a via principal do bairro na manhã desta quarta-feira (21). A operação de transferência foi realizada durante a madrugada, por volta das 0h40, o que intensificou ainda mais o descontentamento da comunidade local.

Além de moradores do Castelo Branco, o protesto contou com a participação de residentes de bairros vizinhos, como Volta Seca e adjacências. Os manifestantes alegam que não foram comunicados previamente sobre a mudança e demonstram preocupação com um possível aumento da insegurança na área. Com faixas, caixas de som e palavras de ordem, os protestos devem continuar ao longo do dia, segundo os organizadores do movimento.

“Fizeram a transferência de madrugada, com escolta policial, como se nós fôssemos bandidos. Queremos respeito e diálogo. Não estamos aqui para discriminar ninguém, mas para exigir uma política pública digna para todos”, declarou uma moradora durante o protesto.

Imagens registradas por membros da comunidade mostram o momento em que a transferência foi realizada. Moradores afirmam que esperavam uma movimentação por volta das 21h, mas foram surpreendidos com a ação fora desse horário, em plena madrugada.

Decisão judicial motivou mudança, afirma secretário

Em entrevista coletiva concedida à imprensa, o secretário municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, João Marcos Luz, afirmou que a mudança ocorreu em cumprimento a uma decisão judicial. Segundo ele, a medida tem respaldo do Ministério Público e busca reorganizar a forma de atendimento à população em situação de rua.

“Nós vamos atender essas pessoas no Restaurante Popular, com dignidade e integração. A ideia é fazer a triagem, rodas de conversa e reencaminhamento ao seio familiar. Para quem não tem para onde ir, temos a Casa Dona Elza, casas terapêuticas e o aluguel social. Já temos 10 pessoas atendidas e vamos ampliar esse número com critérios técnicos”, explicou o secretário.

João Marcos esclareceu ainda que o imóvel no bairro Castelo Branco será utilizado exclusivamente como ponto de recepção e orientação, não funcionando como abrigo. “Lá ninguém vai dormir, ninguém vai comer. É um ponto de atendimento, não um abrigo. A alimentação será feita no restaurante popular, com dignidade e acompanhamento”, completou.

Como medida compensatória pela instalação do novo Centro Pop, a prefeitura informou que vai reforçar a segurança no entorno do local. Entre as ações estão a instalação de câmeras do programa Rio Branco Mais Segura e o aumento do patrulhamento policial, em parceria com o governo do Estado.

O secretário também destacou que equipes técnicas estão avaliando os casos de moradores de rua para incluí-los em políticas públicas como o aluguel social, acolhimento institucional e casas terapêuticas. “Sabemos que há pessoas que se aproveitam da situação para cometer crimes, e a segurança dos moradores é prioridade”, afirmou.

A sede anterior do Centro Pop, localizada na área central da cidade, será devolvida ao Tribunal de Justiça, responsável por definir a nova destinação do imóvel. Segundo João Marcos, há indícios de uso indevido dos serviços, com pessoas se passando por moradores de rua para ter acesso a benefícios.

A casa onde está sendo instalado o novo Centro Pop pertence a particulares e já havia sido alvo de polêmica em uma tentativa anterior de implantação. Desta vez, a ação contou com apoio do Ministério Público para garantir a segurança das proprietárias e dos servidores envolvidos.

Em resposta às declarações da prefeitura, o presidente da Associação de Moradores do bairro Volta Seca, Edmilson, afirmou que a decisão deveria ter sido construída em conjunto com a comunidade. “Fizeram duas paralisações pacíficas, ninguém ofendeu ninguém. Pedimos apenas para que viessem conversar com os moradores antes de instalar o serviço aqui. O próprio restaurante popular já é frequentado por muitos idosos, e agora querem colocar esse público vulnerável lá também. Isso não vai funcionar como estão dizendo”, concluiu.

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