24.3 C
Rio Branco
quarta-feira, 26 de novembro de 2025
O RIO BRANCO
AcreGeral

Vítimas da síndrome congênita do Zika no Acre terão direito a indenização e pensão vitalícia

O governo federal oficializou nesta semana o início do pagamento de indenizações e pensões especiais para pessoas com deficiência permanente decorrente da síndrome congênita causada pelo vírus Zika. A iniciativa representa um avanço histórico na reparação dos danos enfrentados por famílias atingidas pela doença, especialmente no Acre.

A medida foi publicada por meio de uma portaria conjunta do Ministério da Previdência Social e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Diário Oficial da União. De acordo com o texto, cada pessoa afetada terá direito a uma indenização no valor de R$ 50 mil, além de uma pensão vitalícia equivalente ao teto atual do INSS, fixado em R$ 8.157,40.

No estado do Acre, dados do Registro de Eventos em Saúde Pública (RESP-Microcefalia) indicam que, entre os anos de 2016 e 2025, foram identificados 65 casos suspeitos da síndrome congênita ligada ao Zika. Desses, dez casos foram oficialmente confirmados no período de 2015 a 2025, sendo nove ocorrências na capital, Rio Branco, e uma no município do Jordão. O estado também registra um óbito associado à doença.

O benefício será concedido com base em laudo emitido por uma junta médica especializada, que deverá ser analisado pela Perícia Médica Federal. Tanto a pensão quanto a indenização são isentas do Imposto de Renda e poderão ser acumuladas com outros auxílios previstos em lei, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

A regulamentação é fruto da Lei nº 15.156, aprovada pelo Congresso Nacional após a derrubada de um veto presidencial ao Projeto de Lei nº 6.604/2023. O texto estabelece efeito retroativo da indenização a partir de 2 de julho de 2024.

Zika no Acre: uma crise que deixou marcas

O primeiro surto da infecção pelo vírus Zika no estado foi registrado em 2016. Naquele ano, 90 casos foram confirmados em municípios como Porto Acre, Rio Branco, Xapuri e Epitaciolândia. Desde então, o Acre contabiliza 710 casos confirmados da doença até 2025.

A síndrome congênita do Zika é uma condição grave que afeta recém-nascidos, caracterizada principalmente por microcefalia e alterações neurológicas severas. A ligação entre o vírus e essas malformações levou o Ministério da Saúde a decretar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Em seguida, a Organização Mundial da Saúde também reconheceu a gravidade da situação como uma crise de escala internacional.

Transmissão e riscos

O Zika é transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, também responsável pela dengue e chikungunya. No entanto, há registros de transmissão por outras vias, como durante a gestação (vertical), por relações sexuais ou transfusão de sangue. Embora a maioria dos infectados não apresente sintomas, o vírus pode ter efeitos devastadores quando contraído por gestantes, com impacto direto no desenvolvimento do feto.

Com a nova regulamentação, famílias acreanas que enfrentaram os efeitos mais duros dessa epidemia passam, enfim, a ter direito a uma reparação financeira, que busca, mesmo que de forma simbólica, compensar os danos permanentes deixados pela doença.

Compartilhe:

Artigos Relacionados

Encontro nacional de aeromodelismo proporciona intercâmbio e estabelece protagonismo do Acre no esporte

Raimundo Souza

Suspeito de matar adolescente de 16 anos a facadas abusava sexualmente da vítima há 5 anos; homem foi preso

Jamile Romano

Consórcio da Amazônia Legal pedirá R$ 150 milhões para estruturar secretarias de povos indígenas

Raimundo Souza

Governo do Acre investe R$ 700 mil na manutenção da AC-485 e nas vias urbanas de Xapuri

Raimundo Souza

Governo do Estado reabre Avenida Antônio da Rocha Viana em Rio Branco

Jamile Romano

Governo entrega água potável para famílias atingidas pela estiagem em Cruzeiro do Sul

Marcio Nunes