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sábado, 24 de maio de 2025
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Sebastião Salgado: a jornada de um fotógrafo que fez da imagem um ato de resistência

Atualizada em 24/05/2025 10:56

HUMANIDADE EM PRETO E BRANCO

Sebastião Salgado fotografou como quem escuta o mundo — com silêncio, paciência e alma. Da miséria dos garimpeiros de Serra Pelada aos desertos gelados da Antártica, sua câmera nunca foi neutra: era bússola ética, farol humanista.

Ele dividiu sua obra em grandes epopeias visuais — Trabalhadores, Êxodos, Gênesis —, sempre buscando a dignidade onde o olhar comum via ruína. Cada fase é um capítulo da luta humana por sobrevivência e sentido.

Suas imagens não apenas documentam: interrogam, comovem, denunciam. Nesta reportagem, revisitamos o percurso de um homem que fez da luz e da sombra um idioma universal e inspirou gerações de fotógrafos, que falaram sobre o mestre que morreu hoje (23), aos 81 anos. Eles deixam aqui também sua homenagem.

Sebastião Salgado é, por si só, um legado monumental. No final do século 20 e o período do século 21 em que ele retratou os povos indígenas, os camponeses, as populações mais desassistidas no mundo, as guerras, as destruições, as devastações, ele mesmo botou a mão na massa. O Sebastião tem uma obra única. Singular. Que fez de um jeito único. É muito difícil nascer outro Sebastião Salgado”

-Bob Wolfenson, fotógrafo


Trabalho e migração

Entre os anos 1970 e 1990 ele lançou o olhar sobre o trabalho humano, a migração forçada e as desigualdades sociais em obras marcantes como “Outras Américas” (1996), com retratos da vida rural na América Latina; “Sahel – The End of the World” (1988), sobre a fome e migração no Sahel Africano; e “Trabalhadores” (1993), um épico visual sobre o trabalho físico ao redor do mundo.

Sebastião Salgado foi o maior fotógrafo que já nasceu desde o advento da fotografia. Ele foi para a fotografia exatamente o que Mozart e Beethoven representaram para a música; o que Hitchcock, Spielberg, Charles Chaplin, Orson Welles representaram para o cinema; o que o Michelangelo representou para a escultura; o que o Pelé representou para o futebol”

-Érico Hiller , fotógrafo


Globalização e êxodos

O deslocamento de populações, as guerras, os refugiados e o impacto da globalização são temas centrais dos anos 1990 e 2000. É nesse período que documenta em “Êxodos” os migrantes e refugiados em mais de 40 países. Considerada obra-prima, Sebastião Salgado assina com ela uma crítica visual ao mundo contemporâneo.

A obra de Sebastião Salgado ocupa um lugar de destaque na história da fotografia. Ele usou como poucos os recursos de controle de luz e composição na câmera fotográfica, para produzir narrativas visuais capazes de encantar, tanto quanto informar. Seus projetos de longo prazo conectaram enormes audiências com algumas das principais histórias da humanidade. Sebastião deixa um legado colossal de imagens icônicas e levas de fotógrafos documentais inspirados por seu olhar”

Luciano Candisani , fotógrafo


Preocupação ambiental

Após anos retratando a condição humana, a partir do anos 2000 Sebastião Salgado também se volta para a celebração da natureza e da relação entre o ser humano e a Terra. Em 2013, lança “Gênesis”, resultado de uma expedição fotográfica de 8 anos por paisagens intocadas, povos isolados e espécies selvagens, propondo uma reconexão com o planeta. Em 2021, “Amazônia” documenta a floresta e povos indígenas.

O que Sebastião Salgado fez não vai mais se repetir, ainda que venham coisas que se pareçam com aquilo, mas não vai ser a mesma coisa. Qualquer fotógrafo da minha geração que diga que não tenha sido influenciado por Sebastião Salgado não vai estar sendo honesto. Todos fomos. Eu não sei o que supera, se é a obra que supera seu nome, ou o homem que supera a obra”

-André Liohn, fotógrafo

(UOL)

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