Atualizada em 10/12/2023 13:31
Nunca em nenhuma das eleições havidas na Argentina, o peronismo chegou a ser tão indesejado, diria até, amaldiçoado. Portanto, ao se revelar como um autêntico anti-peronista, independente dos aconselhamentos dos sempre intrometidos marqueteiros, enquanto candidato, Javier Milei soube escolher os discursos que acabariam levando-o a vitória.
Todavia, após eleito, ele já começou a dar adeus às escalafobéticas promessas do então candidato Javier Milei. No meu entender, um belo e proveitoso posicionamento, até porque, muito do que havia prometido já revogara antes mesmo de assumir a presidência da Argentina. Portanto, se a sua gestão será exitosa, só o tempo dirá, mas que soube começar bem, tudo nos faz crer que sim.
Infelizmente, a pobreza política em nosso continente latino-americano parece ter encontrado morada, e em razão disto, passamos a eleger, não os melhores, e sim, os “menos ruins” dos candidatos.
Se os argentinos houvessem elegido o candidato peronista, Sérgio Massa, alguém que na condição de ministro da economia levou a Argentina a se tornar campeão mundial nos quesitos inflação e desequilíbrio das suas contas públicas, seria um aparente suicídio. Outro não foi o entendimento da maioria dos eleitores argentinos.
Milei venceu porque o seu concorrente, Sérgio Massa, não merecia ganhar. Aqui no nosso país, esta lógica, embora aparentemente ilógica, prevaleceu nas nossas eleições presidenciais de 2018 e 2022. Em 2018 ganhou Jair Bolsonaro porque o petismo encontrava-se ao rés do chão e o ex-presidente Lula encontrava-se inelegível. Em 2022 deu Lula, porque o candidato a reeleição, Jair Bolsonaro, não merecia ganhar.
Como na disputa eleitoral argentina o presidente Lula demonstrou que tinha simpatia pela candidatura Sérgio Massa, restou ao candidato Javier Milei fazer o que fez, dirigi-lo algumas acusações, algo que ele sabia fazer com bastante desenvoltura.
Como os argentinos não estão dispostos a esperar por muito tempo e apenas esperam do seu novo presidente, as mais urgentes e necessárias ações, o próprio Javier Milei praticamente abandou as suas prioridades de candidato e já conscientizou-se de suas responsabilidades enquanto chefe de Estado.
Ao convidar o presidente Lula para se fazer presente a sua posse, e de forma bastante cerimoniosa e respeitosa, o presidente Javier Mieli busca plantar as sementes, das quais esperam colher os bons frutos do relacionamento Argentina e o Brasil. Que sejam felizes.