Publicado em 21/12/2025
Lula e Fernando Haddad (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Por Matheus Leitão | VEJA
Desde que voltou ao Planalto, Lula repete, com variações mínimas, o mesmo
desejo político: ver Fernando Haddad candidato ao governo de São Paulo. A
fala mais recente — em que diz que o ministro “tem maioridade” e “biografia”
para decidir, mas logo emenda que gostaria que ele fosse candidato — é apenas
mais um capítulo dessa insistência. O presidente tenta vestir de deferência o
que, na prática, soa como pressão recorrente. Lula diz respeitar a autonomia
do outro, mas nunca deixa de explicitar o que espera dele.
O problema é que Haddad não quer. Não quer hoje, não quis antes e segue
sinalizando que não quer no futuro previsível. À frente da Fazenda, o ministro
construiu uma posição que exige previsibilidade e foco — exatamente o oposto
de uma aventura eleitoral em São Paulo. Haddad sabe que uma candidatura
agora seria muito ruim para sua trajetória política, diante de um Tarcísio de
Freitas praticamente reeleito.
A obsessão de Lula tem lógica política — São Paulo precisa de um candidato de
peso para ajudar no palanque presidencial —, mas ignora a vontade explícita
do seu principal auxiliar econômico. No fim, o desejo de Lula já foi respondido
por Haddad faz tempo. O presidente apenas parece não gostar da resposta.

