Atualizada em 12/01/2024 10:10
Fernando Collor e Jair Bolsonaro são provas vivas da não correlação entre as eleições municipais e as presidenciais.
Em 1.989, o então governador do Estado das Alagoas, Fernando Collor, renunciou ao seu próprio mandato e disposto a entrar na disputa presidencial havida naquele ano. Sua opção preferencial seria candidatar-se a vice-presidência, na chapa do então presidencial Mário Covas, este sim, com bastante musculatura política e eleitoral. Em não tendo conseguido o planejado, restou-lhe o que em princípio parecia uma aventura, no caso, filiar-se a um partideco apelidado de PRN e lançar-se candidato a presidência da República.
Em 2018, o então deputado federal Jair Bolsonaro lançou-se candidato à presidência da República filiado ao PSL, a época, um desses partidecos de baixíssima expressão política e eleitoral. Ora, se Fernando Collor e Jair Bolsonaro conseguiram se eleger presidente da nossa República, pergunto: qual a influência das nossas eleições municipais, de 2024, com a disputa presidencial de 2026?
Isto só pode ocorrer porque, no nosso país, cada vez mais, menos os nossos partidos políticos tem merecido o respeito e a consideração dos nossos eleitores, e disto resultaram as eleições dos ex-presidentes Fernando Collor e Jair Bolsonaro.
Nos EUA, isto jamais seria possível, afinal de contas, sem pertencer ao dois dos seus mais tradicionais partidos, o Republicano e/ou ao Democrata, nenhum dos demais partidos, e lá existe vários, inclusive o partido comunista, nenhum outro terá condições de oferecer carona às candidaturas aventureiras.
Cá entre nós e certamente como conseqüência da nossa anárquica estrutura partidária, caímos numa esparrela e num nível bastante preocupante, na polarização Lula/Bolsonaro. Isto nos leva a lembrar Bertolt Brecht, ao pronunciar: “Miserável o país que precisa de heróis”.
Lamentavelmente, a despeito da onda reformista que estamos atravessando, a reforma da nossa legislação política/partidária/eleitoral não tem merecido a devida atenção, diria até, sequer se encontra na rabeira da fila.
Dito isto, as nossas próximas eleições serão regidas pelas mesmíssimas legislações, a ora vigente e tendente a piorar. Parece piada, mas não é: no próximo mês de abril, até uma janela para os atuais detentores de mandatos que pretender trocar de partido será aberta, isto sem nenhum consulta aos nossos eleitores.
Sem o menos respeito ao que denominamos chamar de fidelidade partidária, a exemplo do que acontece nos EUA, na Inglaterra e nas tantas democracias que se dão a respeito, a nossa persistirá anarquizada.