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Mercantilismo eleitoral

Atualizada em 31/10/2024 10:09

       As emendas parlamentares aos nossos orçamentos públicos apenas agigantaram o nosso mercado eleitoral.  

                 No passado, os nossos chamados coronéis influenciavam, verdadeiramente, os votos dos nossos eleitores. Na nossa região nordestina, não raramente, as eleições de seus vereadores e prefeitos dependiam fundamentalmente dos seus interesses. Falava-se, ao seu tempo, no chamado voto de cabresto.

       Àqueles tempos praticamente já se foram, porém, em seus lugares, algo demasiadamente mercantilizado e antidemocrático ocorreu. Reporto-me as emendas parlamentares aos nossos orçamentos públicos, particularmente, ao da nossa união. Como a moda pegou, os parlamentares estaduais passaram a exigir dos seus governadores o mesmo tratamento, e em determinados municípios, os mais importantes, seus vereadores passaram a exigir a mesma regalia dos seus prefeitos.

            Se no varejo a compra de votos dos nossos eleitores havia se revelado bastante prejudicial a nossa própria democracia, o que seria de se esperar do referido mercado, se prontamente financiado com recursos dos nossos próprios orçamentos públicos?

        Para além dos fundos, partidário e o eleitoral, presumidamente legal, já que são ilegítimos e imorais, os nossos parlamentares instituíram as emendas parlamentares aos nossos orçamentos públicos, porquanto ao poder legislativo compete aprová-los e fiscalizá-los, jamais interferir em suas execuções.

       Neste ano, ainda em curso, nada menos que R$-55,00 bilhões foram literalmente disponibilizados e torrados no referido mercado. À propósito, cada deputado federal e cada um dos nossos senadores dispuseram, no mínimo, e a cada ano, de R$-50,00 milhões, para adquirir, ou mais precisamente, para comprar apoios eleitorais em favor de suas próprias reeleições ou de quaisquer outras, entre suas várias pretensões.

         No nosso mercado eleitoral o círculo vicioso encontra-se bastante consolidado, posto que, através das tais emendas os nossos atuais parlamentares adquirem, ou mais precisamente compram os apoios dos nossos prefeitos e praticamente garante suas próprias reeleições, e em contrapartida, impedem a renovação da nossa representação parlamentar.

       Nada, absolutamente nada, em toda a nossa longa e trágica história político-eleitoral, poderá ser comparado aos males que as tais emendas parlamentares já provocaram, e o mais grave, que continuarão provocando, enquanto as mesmas sobreviverem.

    Quando o judeu austríaco, Stefan Zweig, após tomar conhecimento das imensidões dos nossos recursos naturais afirmou que seríamos o país do futuro, jamais imaginou a gentalha que iríamos por no poder.

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