Atualizada em 06/02/2024 10:42
As deslavadas mentiras não prosperam porque são facilmente percebíveis, diferentemente as meias verdades
Aqueles que advogavam que a terra era plana só foram convencidos da sua esfericidade, por nunca haver sido identificado uma de suas bordas. E por que a crença da terra era plana perdurou por tanto tempo? Resposta: porque se tratava de uma meia verdade.
Mesmo quando o filósofo Aristóteles, um dos mais importantes de sua época, há mais de dois mil anos, tenha evidenciado que a terra era redonda, ainda assim a sua descoberta não foi suficiente para convencer àqueles que acreditavam que a terra era plana.
Se ao tempo de Aristóteles, tanto as mentiras como as meias verdades corriam de boca em boca, e mesmo assim, tantos males foram produzidos, após o surgimento do rádio, da televisão, da internet e proximamente, da IA-Inteligência Artificial, tornou-se bem mais fácil e bem mais rápido, a difusão das mentiras e das meias verdades, ainda mais, com primorosa aparência de verdade.
Nada contra a modernidade tecnológica, pois não sou e jamais me cri no terraplanismo, ainda assim, com bastante freqüência, tenho assistido prevalência das meias verdades, se não por todo tempo, mas por um razoável tempo.
O que levou o então presidente George W. Bush, dos EUA, a invadir o Iraque? Uma meia verdade, a de que o Iraque dispunha de um extraordinário arsenal de armas químicas e de destruição em massa, em poder do tirano Saddam Hussein.
Até hoje, nada restou provado sobre a existência dos tais estoques de armas químicas, e sim, que a referida invasão teve como causa determinante as extraordinárias reservas petrolíferas no território iraquiano. Na presente guerra Israel/Hamas, as meias verdades têm estado presentes. Idem, na guerra Rússia/Ucrânia.
Dada a velocidade como os nossos meios de comunicação veiculam as boas e úteis informações, como também se prestam para veicular as más desinformações, em particular, as meias verdades, pergunto: por que as nossas plataformas digitais e a esperada IA, ainda não foram devidamente regulamentadas?
Lamentavelmente, ao invés do bem que as plataformas digitais poderiam nos proporcionar, as suas crias, as nossas redes sociais, em muito têm alimentado a nossa polarização política.
Como nos encontramos num ano eleitoral, ainda que bastante restrito, apenas ao nível municipal, se o chumbo trocado de acusações já se encontra num nível bastante elevado, o que haveremos de esperar das disputas eleitorais que ocorrerão em 2026?