28.3 C
Rio Branco
sábado, 19 de abril de 2025
O RIO BRANCO
Política

Lula faz 6ª reforma de seus três governos, a primeira sob manto da impopularidade

Atualizada em 01/03/2025 15:34

Imagem: O presidente Lula durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto – Gabriela Biló – 31.jan.2025/Folhapress

Outras cinco ocorreram por eleições, entrada de partidos na gestão e mensalão; pela primeira vez, ministros de outras siglas e sem vinculação são mais da metade que petistas

Ranier Bragon

Brasília
A atual reforma ministerial de Lula (PT) é a sexta de seus três governos, a primeira sob o manto da impopularidade, como mostram pesquisas de opinião.

Nas outras ocasiões em que mexeu em bloco algumas peças de sua equipe, Lula sempre esteve com a avaliação positiva acima da negativa, mesmo no auge do escândalo do mensalão, em meados de 2005.

Agora, de acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha, a aprovação do governo é de 24%, o menor índice de todos os seus governos, contra 41% de rejeição, também um recorde.

Lula chegou ao poder em 2003, derrotando o candidato de situação, o tucano José Serra.

Na transição, seu futuro ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT), costurou um acordo para a entrada no governo do PMDB (hoje MDB), que na época tinha eleito a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados, com 75 das 513 cadeiras.

A ideia era dar aos peemedebistas duas pastas, Minas e Energia e Integração Nacional. A negociação, porém, naufragou às vésperas da posse.

Como resultado, o primeiro ministério de Lula ficou recheado de petistas e com apenas algumas pastas distribuídas a outros partidos de esquerda. Apenas duas siglas de direita figuravam na composição, o PL (Transportes) e o PTB (Turismo).

Ao final do primeiro ano de gestão, Lula acabou sendo obrigado a fazer a sua primeira reforma com o objetivo de, enfim, levar parte do PMDB para o governo. A sigla de Michel Temer ficou com duas pastas, o senador Amir Lando na Previdência e o deputado federal Eunício Oliveira nas Comunicações.

Lula aproveitaria a ocasião também para trocar peças que avaliava não estarem rendendo o suficiente, em especial na Educação, em que demitiu o ex-governador do Distrito Federal Cristovam Buarque (PT) pelo telefone e colocou em seu lugar Tarso Genro (PT).

A segunda reforma ministerial de Lula ocorreu um ano e meio depois, já em meio ao impacto do escândalo do mensalão, esquema de compra de apoio político no Congresso Nacional.

Nesse período, meados de 2005, o Datafolha mostrava uma erosão na popularidade do petista, mas não como a detectada agora —eram 35% de aprovação e 23% de rejeição (esses índices iriam piorar até o final daquele ano).

Na ocasião, Dilma Rousseff (PT) assumiu a Casa Civil no lugar de Dirceu (que voltaria para a Câmara e teria o mandato cassado meses depois), e o articulador político que sobrou, Aldo Rebelo (PC do B), foi substituído por Jaques Wagner (PT).

O PPB (hoje PP), quinta maior bancada da Câmara, desalojou o PT do Ministério das Cidades, e o MDB trocou a mirrada Previdência pelas robustas Saúde e Minas e Energia, somando três ministérios.

Lula acabou conseguindo superar a crise, e sua terceira reforma ministerial ocorreu apenas para empossar interinos e ministros-tampões nas vagas dos titulares que se desincompatibilizaram dos cargos para disputar as eleições de 2006.

O petista foi reeleito para um segundo mandato naquele ano, derrotando Geraldo Alckmin (PSDB), hoje seu vice, e viveu de 2007 a 2010 uma popularidade e uma estabilidade congressual muito mais altas.

Tanto é que nesses anos fez apenas trocas pontuais na equipe e promoveu uma reforma, a quarta de seus governos, apenas no ano eleitoral, novamente para empossar ministros-tampões no lugar daqueles que iriam disputar as eleições de 2010.

O PT continuou hegemônico no controle dos ministérios, tendo o MDB como principal parceiro —tanto é que indicou Michel Temer como vice na chapa da sucessora de Lula, Dilma Rousseff. Os demais partidos de esquerda e o PP e o PTB eram coadjuvantes, com uma pasta cada um deles.

Já no atual mandato, o terceiro, Lula assumiu com um cenário bem mais adverso.

O centrão e demais partidos de centro e de direita, que controlam o Congresso, emplacaram nove ministérios de cara, três para MDB, três para PSD e três para o União Brasil, partido que tem em sua origem o PFL, arquirrival de anos anteriores.

Já antes do primeiro ano, Lula fez a quinta reforma ministerial de suas gestões.

Dessa vez para trocar a ministra do União Brasil que havia perdido a sustentação do partido —a deputada Daniela do Waguinho perdeu o Turismo para o deputado Celso Sabino, também do União— e para levar para o governo deputados federais do PP e do Republicanos —André Fufuca (Esporte) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), respectivamente.

Lula empossa os deputados federais Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) como novos ministros, no Palácio do Planalto – Ricardo Stukert – 13.set.2023/PR/Divulgação

Na atual reforma, a sexta, Lula é pressionado a ampliar o inédito espaço dos partidos de centro e de direita em sua gestão —eles já controlam 11 pastas. Ele estava sendo pressionado a entregar a alguém dessas legendas a coordenação da articulação política do governo, mas nesta sexta-feira (28) acabou anunciando a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para a vaga.

A atual reforma começou com a troca de Nisia Trindade (Saúde), que não é filiada, mas é ligada ao PT, por Alexandre Padilha (PT), que até então chefiava a pasta de Relações Institucionais. Em janeiro Lula já havia sacado o petista Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação e colocado o marqueteiro Sidônio Palmeira.

Pela primeira vez nas gestões de Lula, os ministros de outros partidos e sem vinculação partidária representam mais da metade dos ministros filiados ao PT, 26 a 11, embora a sigla mantenha o comando de postos-chave como Fazenda, Casa Civil, Educação, articulação política e, agora, Saúde.

Folha UOL

Artigos Relacionados

Lula comandará reunião sobre queimadas com governadores

Jamile Romano

Líder do centrão bancou obra em estrada em frente à fazenda de seu pai

Raimundo Souza

Deputado Nicolau Junior presta solidariedade a Gladson Cameli e diz que seu governo é transparente

Jamile Romano

Petecão garante R$ 2 milhões para construção do ginásio poliesportivo no Adalberto Sena em Rio Branco

Jamile Romano

Lula vai excluir condenados no 8 de janeiro do indulto de Natal

Jamile Romano

Com taxação de ricos, faixa de isenção do IR pode passar de R$ 5 mil

Raimundo Souza