Atualizada em 14/12/2023 10:46
Brasil e Argentina tornaram-se partidariamente anárquicos e os tronaram dificilmente governáveis
Quantos partidos políticos predominam nos EUA, seja no seu Senado e na sua Câmara dos Deputados? Não mais que dois: o Republicano e o Democrata. Na Inglaterra não mais que três: o Conservador, o Trabalhista e o Liberal. No Brasil e na Argentina, suas Casas parlamentares abrigam representantes de duas dezenas de partidos políticos, o que muito tem dificultado suas governabilidades.
Como conseqüência disto, a engenhosidade da nossa classe política, desde a elaboração da nossa atual constituição, criou o “Centrão”, algo que se imaginava passageiro e que perdura até hoje e com suas raízes cada vez mais profundas.
A ideologia do nosso Centrão não mudou e nem vai mudar, pois sua vocação é a de se manter justinho ao poder, ainda que a custa de tapas e beijos. A propósito, o mesmo Centrão que apoiou Jair Bolsonaro apoia o presidente Lula, no seu 3º mandato. De uma coisa tenhamos a absoluta certeza: o Centrão tem nojo de oposição.
Na Argentina, o presidente Xavir Milei, eleito por um partidozinho, recém criado e de pequeníssima expressão, popular e congressual, o “La Liberdade Avanza”, assim sendo, o seu primeiro e grande desafio será o de engendrar a sua base se sustentação política. Caso contrário, as suas promessas jamais se viabilizarão, sobretudo àquelas que de livre e forçada vontade o próprio presidente Xavier Milei já vem abortando-as, uma atrás da outra. Dolarizar a moeda argentina e por fim no seu Banco Central são promessas de candidatos, portanto já revogadas, jamais de quem se elege.
A Argentina, enquanto país/nação é constituída por 23 províncias, estas por sua vez, governadas por 23 agentes políticos, nenhum deles originariamente advindos do partido do presidente Xavier Milei. No seu Senado, dos 72 senadores o seu partido só conseguiu eleger sete deles e na Câmara dos Deputados, dos seus 257 integrantes apenas 38 foram eleitos pelo “A Liberdade Avança. Encrenca maior jamais poderia ter encontrado.
Ainda assim, espero que o presidente Javier Milei, como se diz na nossa linguagem política, no curtíssimo prazo, aprenda a conviver com as castas políticas argentinas, as mesmas que tanto havia combatido, até porque, seus eleitores não estarão dispostos a esperar que suas vidas só venham melhorar à longo prazo.
Se no nosso país, quando se imaginava que estivesse, morto e sepultado, politicamente, o ex-presidente Jair Bolsonaro continua vivíssimo, na Argentina, o peronismo terá o mesmo destino.