Atualizada em 11/12/2023 18:19
A medida mais aguardada do novo governo por empresários argentinos é a da desvalorização do câmbio oficial no país.
O anúncio dos planos de Javier Milei para a economia foram adiados para esta terça-feira (12) e alimentou a ansiedade sobre o que será da gestão do presidente recém-empossado.
Nesta segunda (11), a cotação oficial estava na casa dos 400 pesos por dólar, enquanto a do dólar blue, como é conhecido o cambio paralelo, estava em 980 pesos por dólar.
A diferença descomunal entre os dois valores travou o comércio exterior da Argentina nos últimos anos e a equalização preocupa os empresários, segundo o consultor Welber Barral, sócio da BMJ Consultores Associados e o ex-secretário de Comércio Exterior.
“Estão todos preocupados com o ritmo dessa desvalorização. Essa diferença de preços vem segurando os negócios e forma como ela vai acontecer tem impacto direto no volume de exportações, de importações e, claro, na inflação”, disse Barral à CNN.
Antes de assumir o governo, fontes da equipe de Milei já diziam que a desvalorização do câmbio oficial deveria ser de 100%, ou seja, dobrar o valor atual e praticamente acabar com a diferença para o dólar blue.
O choque da medida, porém, pode impor algum gradualismo ou roteiro previsível para não causar mais estragos.
“Este dólar na casa dos 700 pesos seria um valor de equilíbrio, incentivaria a exportação e acabaria com essa enorme distorção da economia. Mas vão fazer de uma vez ou em que prazo? Porque o impacto inflacionário será grande”, ressalta Barral.
“Se a desvalorização for muito brusca e de uma vez só, pode provocar alta no dólar blue e isso aumenta ainda mais a inflação”, diz o especialista, que passou os últimos seis meses em Buenos Aires, montando um escritório de consultoria para empresas argentinas que tem negócios com exterior.
O adiamento do anúncio das medidas preocupa, mas não assusta tanto. Segundo Barral, a informação dos bastidores do novo governo é que estaria acontecendo uma revisão jurídica dos decretos que serão anunciados por Milei e sua equipe econômica.
[CNN Brasil]