Atualizada em 08/02/2024 10:30
O que tem a ver as eleições municipais deste ano com as eleições que haverão em 2026?
Fernando Collor de Melo, em 1989 e Jair Bolsonaro, em 2018, elegeram-se presidente da nossa República, filiados a dois partidos políticos que apenas cederam as suas legendas para brigar as suas correspondentes candidaturas. Reporto-me ao PRN e ao PSL, cujos corpos encontram-se enterrados no mesmíssimo cemitério para onde já foram levados os partidos que morreram por falência múltipla dos seus órgãos.
Na disputa de 1989, a primeira eleição direta para presidência da nossa República, após o fim de um regime militar, a candidatura Fernando Collor impediu que políticos com a envergadura de Ulisses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola, também candidatos, sequer conseguisse chegar ao 2º turno. A referida disputa deu-se entre o próprio Fernando Collor e o hoje presidente Lula.
Na disputa eleitoral de 2018 e já tendo integrado oito partidos políticos distintos, Jair Bolsonaro filia-se ao PSL, quando faltava apenas seis meses para as eleições, mesmo assim, sagrou-se eleito.
Em síntese: Fernando Collor e Jair Bolsonaro, para além da inexpressividade dos seus “partidecos” não dispunham do apoio dos nossos prefeitos, dos nossos governadores, e menos ainda, da maioria dos integrantes das nossas Casas Legislativas. Daí a pergunta que se impõe: no que e em quanto às eleições municipais deste ano influenciarão nas eleições presidenciais de 2026?
Se das eleições de 1989 e 2018, para cá, os nossos partidos políticos continuaram se enfraquecendo, e ainda acrescente-se, em decorrência, da nossa anárquica legislação político/partidária/eleitoral, muitas novidades, ainda que indesejáveis, poderão acontecer, afinal de contas, da polarização Lula/Bolsonaro boas coisas jamais acontecerão.
No seu devido tempo o inesquecível Bertold Brecht chegou a dizer: “infeliz é a nação que precisa de heróis”. Infelizmente, no nosso país, aqueles que surgem pretendendo virar heróis, não têm do que reclamar, até porque e neste particular, as eleições de Fernando Collor e Jair Bolsonaro estão aí como exemplos.
Nesta mesma linha de raciocínio, pergunto: dada a sua mais recente conquista eleitoral, desde a proclamação da nossa República, o único a nos presidir por três mandatos já seria o bastante para o presidente Lula se sentir como um herói?
Particularmente, não desejo a morte de ninguém, menos ainda do presidente Lula, porém devo esclarecer: todos os meus heróis já morreram, posto que, em vida, já assisti diversos pretensos heróis serem transformados em verdadeiros vilões.