Atualizada em 12/03/2025 10:55
As emendas parlamentares aos nossos orçamentos
No curso de um único mandato os nossos deputados federais passaram a dispor, anualmente, de R$-50,00 milhões, inclusive àqueles que integram o nosso apelidado baixo clero. Para alguns outros, particularmente, àqueles bem posicionados em suas casas legislativas, o céu tem sido o limite. Ao longo de um mandato, cada um deles abocanha R$-200,00 milhões.
Os nossos senadores conseguem o dobro, em razão dos sues mandatos se estenderem por oito anos. E de onde se origina tamanha dinheirama? Das emendas parlamentares que embutem no orçamento da nossa união. Portanto, estamos a tratar das mais espúrias negociatas, entre elas, a compra de votos. Nem tudo que é legalizado se torna legitimado.
As chamadas emendas parlamentares, no nosso país, transformaram-se no maior fundo eleitoral do planeta e a um custo total de R$ 50,00 bilhões anualmente. E o mais grave: a liberação dessa dinheirama tornou-se obrigatória. Volto a me lembrar de um dos questionamentos feito pelo inesquecível Cazuza: que país é este?
Daí a pergunta que não pode calar: no que, de fato e verdadeiramente resultam as tais emendas? Simples assim: na compra de votos e num dos mais agressivos cupins da nossa República. Resultado: tanto os nossos deputados federais quanto os nossos senadores, via negociatas, compram os apoios dos nossos prefeitos com vistas às suas próprias reeleições. Portanto, estamos a tratar da compra de votos no atacado. Saudades dos tempos em que o nosso mercado, dava-se apenas no varejo.
Para além da compra de votos, não raramente, as emendas parlamentares tem favorecido a nossa corrupção, posto que, quando da aplicação dos seus recursos, as empresas a serem beneficiadas, adrede escolhidas, se comprometem a repassar um percentual dos seus faturamentos aos parlamentares que as propõem.
Até quando os crimes que as emendas parlamentares já proporcionaram a nossa democracia terão fim? No que depender dos nossos congressistas, mansa e pacificamente, nunca, isto porque, a favor deles, ainda contam com a ingênua cumplicidade da grande maioria dos nossos eleitores.
De tão apetitosas, as referidas emendas já chegaram aos nossos parlamentos estaduais e já estão incomodando os nossos governadores, e em algumas prefeituras, pois seus prefeitos e suas câmaras municipais estão exigindo igual tratamento.
Por último: enquanto as emendas parlamentares continuarem existindo e com as liberações dos seus recursos, em caráter obrigatório, cada vez mais a corrupção aprofundará as suas raízes no nosso ambiente político, e a renovação dos nossos representantes políticos jamais acontecerá.