Atualizada em 17/04/2025 17:53
Acreano de Rio Branco, o doutor Antonio Aquino Lopes, o Toniquim, nasceu e viveu sua infância no Seringal Bajé, que virou Fazenda Sobral – atual bairro Sobral, em Rio Branco. Também moirou no Riozinho do Rola e passou uma temporada – de 1964 a 1967, no Rio de Janeiro (RJ), mas voltou ao Acre e fixou morada na rua Nossa Senhora da Conceição – em frente ao Campo do Atlético – bairro Quinze, onde viveu até morrer.
Batizado no mundo esportivo como Toniquim, ele começou a se envolver no futebol na segunda metade da década de 1960. À época, ingressou no time juvenil do Vasco-AC sob comando do treinador-professor Almada Brito. A baixa estatura, a habilidade e os cruzamentos precisos chamavam atenção de quem o via atuar dentro dentro de campo. No entanto, não chegou a atuar no time principal, pois precisava ajudar a família no comércio e não conseguia tempo para treinar.
O passatempo de Aquino nos fins de semana, sobretudo aos domingos, era jogar nos campos de pelada, também conhecido como várzea. Ele atuou pelo São Raimundo, time do bairro 15, e pelo Amapá, que era equipe de uma colônia que ficava situada onde atualmente fica a Terceira Ponte de Rio Branco. No Amapá, Aquino Lopes virou atleta e diretor. Ele foi responsável pela filiação da equipe à antiga Federação Acreana de Desportos (FAD) – que posteriormente se tornaria FFAC.
A disciplina e a organização de Aquino como dirigente do Amapá, ainda como atleta, despertaram interesse dos demais clubes. Por isso, ele foi convidado a integrar a diretoria do Atlético e do Rio Branco. O trabalho dele nos dois times grandes da capital, acabou projetando Aquino e ele foi convidado a integrar a diretoria da antiga Federação Acrena da Desporto (FAD) como diretor do departamento técnico, após convite do então presidente, seu amigo ex-jogador e jornalista Campos Pereira.
Na FAD, Aquino também mostrou serviço e se destacou. Por isso, Campos Pereira o incentivou a ser candidato a presidência da entidade. No primeiro momento ele não aceitou, mas no segundo convite, decidiu encarar o desafio e, no segundo semestre de 1984, Aquino Lopes foi eleito pelos clubes acreanos presidentes da FAD. Em 1989, em uma das gestões dele, o futebol no Acre foi profissionalizado. Foi em uma de suas gestões que a antiga FSD virou FFAC. Ele tina mandato até 2027, mas a morte traiçoeira não deixou Aquino concluir mais um mandato.
A extinta FAD não tinha sede própria e comprometia boa parte de seu orçamento par apagar aluguel. Por isso, Aquino se reuniu com os demais dirigentes com a diretoria e, juntos, definiram como prioridade a construção da sede próprio. Após alguns anos, a FFAC conseguiu uma sede e um estádio, que leva o nome do próprio presidente e é apelidado de Florestão. Inicialmente, o estádio se chamaria Arena da Floresta, mas o nome foi cedido ao Governo do Estado. A FFAC é a única federação do Brasil que possui dois estádios. A construção do terceiro estádio encontra-se bem avançada e a obra será inaugurada ainda este ano.
Ele vai fazer falta
Presidente da Federação de Futebol do Estado do Acre (Fffeac) e vice-presidente da Confederação Brasileira e Futebol (CBF), advogado e empresário Antonio Aquino Lopes, 77 anos, o Toniquim, faleceu na madrugada desta quarta-feira, 16, vítima de edema pulmonar. Reeleito em janeiro do ano passado, Aquino tinha mandato até o fim de 2026. Ele vai fazer falta, muita falta.
Transformação
Ele assumiu o comando do futebol acreano em outubro de 194, quando ainda era Federação Acreana de Desporto (FAD) e ajudou a fundar as demais federações como a de futsal, de vôlei, basquete, handebol, ciclismo, atletismo, natação e tênis. Em 1989, ele conseguiu unto ao presidente da CBF, profissionalizar o futebol acreano.
Primeira sede própria
Antes de profissionalizar o futebol acreano, Aquino construiu a sede própria da FFAC, na rua Manoel Cesário – bairro Capoeira na zona central de Rio Branco. O prédio, por alguns anos, serviu também para abrigar outras federações esportivas. Por muitos anos, a federação funcionou em uma sala da sede social do Vasco da Gama, na avenida Brasil – próximo ao cruzamento com a avenida Marechal Deodoro – no centro da capital acreana.
Estádio Florestão
O nome do estádio que Aquino Lopes construiu deveria ser chamado de Arena da Floresta, por ser no bairro Floresta, mas como o governo do Acre inaugurou o estádio estadual antes, em dezembro e 2006, em comum acordo, com Aquino Lopes, o então governador Jorge Viana batizou o estádio como Arena da Floresta. Por isso, o estádio da federação, inaugurado em 2011, leva o nome do próprio presidente Antonio Aquino Lopes, o Florestão.
Legado da Copa
Como legado da Copa do Mundo no Brasil, em 214, a CBF liberou, em 2024, recursos para Aquino Lopes construir um estádio de meio porte de grama sintética, ao lado do Florestinha, que era chamado de campo B. Com parte dos recursos, Aquino transformou o Florestinha em um estádio com capacidade para cerca de mil pessoas. A obra foi inaugurada em outubro de 20024.
Não teve tempo
O estádio de grama sintética deveria ter sido inaugurado ano passado, mas a burocracia acabou provocando atraso e as obras ficaram quase um ano embargada. O processo de construção foi iniciado no fim do ano passado. Aquino pretendia inaugurar o terceiro estádio no segundo semestre deste ano, mas não teve tempo para isso.
Trajetória
Antes de ser eleito presidente da FFAC e passar mais de 40 anos no comando do futebol acreano, foi jogador, dirigente do Amapá, Atlético e Rio Branco, diretor técnica da antiga FAD na gestão do saudoso Campos Pereira. Aquino também foi presidente regional do PDS, que foi PPR, PPB e agora PP e presidente da Fundação Cultura do Acre, que virou Fundação Elias Mansour (FEM).
Sede do PP
Na condição de presidente do PDS, Aquino comprou terreno e construiu a sede do partido na rua major Ladislau Ferreira, bairro Abrahão Alab, no iniciou dos amos de 1990. Outras gestões ampliaram as instalações do PP, construíram uma área frontal e outro espaço nos fundos, mas foi ele quem teve a ousadia de comprar o terreno e edificar a sede própria do maior partido político do Acre.
Tentou três vezes
Aquino Lopes sonhava com mandato de deputado federal para, segundo ele, ter mais condições de ajudar o futebol acreano. Por isso, tentou duas vezes, em 1990, em 1994 em 1998. Em nenhuma das três tentativas conseguiu ser eleito, apesar de sempre obter boa votação. Depois disso, Aquino perdeu seu encontra pela política.
Jumbeiros de luto
Aquino Lopes também era membro da Associação Atlética Jumbo, fundada em 1983, um ano antes de Aquino assumir a presidência da federação. A paleada dos jumbeiros é realizada nas manhãs de domingo, no Florestinha, campo B da federação e, algumas vezes, no Florestão. Era lá onde Aquino nos últimos 15 anos, passava praticamente o domingo todo, a que chegava por volta das 6h e permanecia até o início da tarde.
Homenagem
A TV Rio Branco-Rede Cultura, por meio do programa Diário do Esporte, prestou homenagem póstuma ao doutor Aquino Lopes. Nesta quarta-feira, o programa especial foi feito em uma tenda montada ao lado do saguão da federação, no estádio Florestão. Nesta sexta-feira, mais uma homenagem será prestada ao eterno presidente.
Especial
O programa contou com a participação especial do governador Gladson Cameli (PP); prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL) e o presidente da Aleac, deputado Nicolau Junior (PP) tiveram participação especial. Também foram entrevistados o secretário de Esportes, ex-deputado Ney Amorim; o presidente do Independência, doutor José Eugênio Macapá; o presidente da Federação de Vôlei, professor João Petrolitano; a presidente fundadora da Federação de Natação, professora Lucy Queiroz, entre outros.
A última entrevista
A última entrevista que Aquino concedeu a uma emissora de TV foi na tarde do dia dois de abril, ao programa Diário do Esporte, ao vivo, na TV Rio Branco-Rede Cultura. Ele foi entrevistado pela apresentadora do programa, Jamile Romano, Chico Ponte e este colunista. Aquino foi um balanço positivo do Campeonato Acreano-2025, tanto pela presença de público, quanto pela divulgação na imprensa local e o melhor nível técnico.
Causa morte
Segundo a viúva de Aquino Lopes, professora da Ufac Rosélia Lopes, os médicos atestaram como edema pulmonar a causa morte do dirigente maior do futebol acreano. Ele teve um fim de semana normal, mas bem movimentado. Tomou café da manhã no sábado, 12 com o empresário Adem Araújo e jornalistas no CT do Santa Cruz. No dia seguinte, domingo, bateu pelada no jumbo e depois bancou almoço aos seus colegas de pelada.
Últimas horas de vida
Segundo a professora Rosélia, Aquino começou a sentir dores e tossir com muita intensidade no início da madrugada desta quarta-feira, 16. De imediato, foi levado ao hospital e, apesar de todo esforço da equipe médica, não resistiu e faleceu por volta das 2h da madrugada com insuficiência respiratória.
Sepultamento
O sepultamento de Aquino Lopes aconteceu no fim da manhã desta quinta-feira Santa, no Cemitério Morada da Paz, em Rio Branco. Dezenas de autoridades, dirigentes esportivos, atletas, ex-atletas, jumbeiros, amigos e conhecido de Aquino participaram do último adeus ao presidente Aquino.
Adem no comando
O sucesso de Aquino Lopes na presidência da Federação de Futebol do Acre é o empresário Adem Araújo, diretor e sócio proprietário do Grupo Arasuper e CEO do Santa Cruz. Adem havia apresentado pedido de renúncia, mas Aquino não aceitou. Por isso, continuava como vice-presidente e o primeiro na linha de sucessão. A posse será na próxima semana. O mandato vai até abril de 2027.