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Caso Marielle: novo relatório da PF afirma que polícia ignorou, de propósito, imagens capazes de identificar assassinos.

Atualizada em 11/08/2024 12:19
A vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 Reprodução — Foto: Reprodução

Documento enviado ao STF traz novos elementos e aponta que policiais agiram para encobrir os executores

Relatório da Polícia Federal aponta que houve obstrução no início das investigações conduzidas pela Delegacia de Homicídios (DH) sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Segundo informou o RJTV, da Tv Globo, a conclusão dos investigadores é que imagens de câmeras de segurança que poderiam ter ajudado na identificação e captura dos assassinos não foram recolhidas de propósito. No centro das ações, de acordo com a PF, estão os delegados Rivaldo França Barbosa, à época chefe da Polícia Civil do Rio, e Giniton Lages, que comandava a DH, além do comissário de polícia Marco Antônio de Barros Pinto.

O documento de 87 páginas produzido pela Polícia Federal foi encaminhado na sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal, traz novos elementos e aponta que os três agiram para encobrir os assassinos. A investigação sobre a obstrução foi iniciada após a prisão, em março, dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como mandantes do crime.

Segundo informou o RJTV, o primeiro delegado a investigar o caso, Giniton Lages, foi avisado de quem seriam os prováveis executores da vereadora e de seu motorista.E m depoimento à PF, o atual secretário de Polícia Civil Marcus Vinícius Amim disse que se encontrou com Rivaldo Barbosa uma semana depois do crime dizendo que tinha sugestões para a investigações, mas o então chefe da corporação se negou a ouvir e orientou que ele procurasse Lages. Dias depois Amim, segundo consta no depoimento, encontrou Giniton Lages por acaso na sede da Polícia Civil e falou sobre suas suspeitas, afirmando que, dada a complexidade da execução, apenas cinco pessoas no Rio poderiam ter levado o plano adiante.

Amim teria então revelado a Giniton a sua lista de suspeitos, entre os quais estava Ronnie Lessa, que tempos depois, em 2019, foi preso e confessou ter sido o executor. Aos policiais federais, Giniton disse, em depoimento prestado em julho, não se lembrar de ter conversado com Marcus Amim.

O relatório conclui que o delegado tinha conhecimento, desde o início, que Ronnie Lessa era um potencial suspeito. Equipes da DH chegaram a captar imagens do Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, que era rota Lessa e do Condomínio Floresta, em Rio das Pedras, de onde Adriano da Nóbrega, outro possível executor segundo Amim, saía para realizar seus crimes. No entanto, aponta o relatório divulgado pelo RJTV, o delegado não avançou na captação de imagens da Avenida Lúcio osta, na orla da Barra, o que levou os policiais federais à conclusão de que Giniton tinha conhecimento de que Lessa havia saído do quebra-Mar, mas preferiu não avançar no detalhamento do itinerário completo dos executores.

O relatório aponta ainda ausência injustificada de imagens da rota de fuga dos criminosos após a execução a partir do centro de convenções localizado a cerca de 450 metros do local do crime. Somente sete meses depois da conversa entre Amim e Giniton, o ex-PM Ronnie Lessa entrou na mira dos investigadores, após denúncia anônima. Lessa e Élcio Queiroz, que dirigiu o carro usado na execução, foram presos, confessaram o crime e fecharam acordo de delação premiada.

Nos primeiros meses de investigação, a DH seguiu uma linha de investigação que tinha como premissa uma pista falsa que apontava o miliciano Orlando Curicica como mandante do assassinato a partir de um depoimento do ex-PM Rodrigo Ferreira, o Ferreirinha, que depois confessou que as informações eram falsas. Segundo o relatório da Polícia Federal, o comissário Marco Antônio de Barros Pinto foi o responsável por conduzir a combinação de versões para atrapalhar as investigações.

Ainda no seu depoimento, Marcus Amim disse após o surgimento desta versão voltou a conversar com Giniton e alertou que Orlando Curicica “não tinha condições de promover tal execução” , que era “bronco, frouxo e não tinha capacidade para realizar” o crime, como mostrou o RJTV.

O relatório da PF é assinado pelo delegado Guilhermo de Paula Machado Catramby, que pede à Procuradoria-geral da República que seja oferecida denúncia contra os acusados.

Ao RJTV, a defesa de Rivaldo Barbosa disse que na condição de chefe de Polícia Civil à época ele não cuidava de investigação alguma. Os advogados do delegado disseram ainda considerar a conclusão da Polícia Federal absurda e que “quem conhece a estrutura da Polícia Civil sabe que é impossível interferir no trabalho de todos os investigadores ao mesmo tempo”.

Já a defesa de Giniton Lages afirmou ao site g1 que “causa surpresa esse relatório ser apresentado agora, porque na última sexta-feira ele foi na PF e prestou todos os esclarecimentos”. Disse ainda que o tempo e o contraditório vão comprovar o trabalho e a inocência dele.

O telejornal não obteve contato com a defesa de Marco Antônio de Barros Pinto. Os irmãos Brazão têm negado reiteradamente qualquer relação com o crime.

O Globo

 

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