Publicado em 14/12/2025
Ato contra o PL da Dosimetria na Paulista
Imagem: Foto: Zanone Fraissat/Folhapress
Por Wanderley Preite Sobrinho e Victoria Bechara Do UOL
As manifestações organizadas pela esquerda nesta tarde reuniram cerca de 18,9 mil
pessoas em Copacabana, no Rio de Janeiro, e 13,7 mil na avenida Paulista, em São
Paulo. O levantamento foi feito pelo Monitor do Debate Político do Cebrap, em parceria
com a ONG More in Common.
O que aconteceu
O cálculo foi feito a partir de fotos aéreas analisadas com software de
inteligência artificial. Com a margem de erro de 12%, a contagem aponta um público
entre 12,1 mil e 15,4 mil no momento de pico na capital paulista. No Rio, o cálculo fica
entre entre 16,7 mil e 21,2 mil participantes.
Manifestantes foram às ruas contra a aprovação do PL da Dosimetria. O projeto
que passou na Câmara reduz as penas de Jair Bolsonaro (PL) e outros condenados
pela trama golpista. Para o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do
Senado, Otto Alencar (PSD-BA), o projeto também pode beneficiar condenados por
outros crimes, como corrupção e outros crimes sexuais. O texto agora está no Senado.
Atos de hoje foram menores que os de 21 de setembro, contra PEC da
Blindagem. Na data, cerca de 40 mil pessoas se reuniram em São Paulo e o mesmo
número no Rio, também segundo o Monitor do Debate Político.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi o principal alvo de
hoje. Os participantes entoaram gritos de “Fora, Hugo Motta” e levaram cartazes contra
o político, responsável por colocar o projeto da Dosimetria em pauta na Câmara.
Outras pautas também foram levantadas, como fim da escala 6×1 e oposição ao
marco temporal das terras indígenas. Também houve pedidos por mais
transparência em emendas parlamentares e por combate ao feminicídio e violência
contra a mulher.
Políticos do PT e PSOL participaram dos atos. Em São Paulo, o ministro Guilherme
Boulos (Secretaria-Geral da Presidência) criticou o PL da Dosimetria e convocou os
manifestantes a eleger em 2026 “a maior bancada de esquerda da história do
Congresso”. O ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) defendeu a renovação
do Congresso e criticou o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).”Vamos tirar esse serviçal do Trump e do Bolsonaro”, disse.
Os líderes do PT na Câmara, Lindbergh Farias, e do PSOL, Talíria Petrone,
discursaram no Rio. Outros deputados estavam presentes, como Glauber Braga
(PSOL), Benedita da Silva (PT) e Jandira Feghali (PCdoB).
Atos também foram realizados em outras cidades. Protestos ocorreram pela manhã
em Salvador, Natal, João Pessoa, Belo Horizonte e Brasília.
Ato musical
No Rio, organizadores retomaram o formato de ato musical, que já havia sido
adotado nos atos contra a PEC da Blindagem. A manifestação de hoje contou com
shows de grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil,
Paulinho da Viola, Lenine, Fafá de Belém, além dos rappers Emicida, Xamã e Baco Exu
do Blues. Em São Paulo, cantaram Zélia Duncan e Chico César.
Celebridades participaram do ato no Rio. Entre eles, as atrizes Fernanda Torres,
Sophie Charlotte e o humorista Paulo Vieira. “Nós ainda estamos aqui pelas florestas
brasileiras, pelos direitos das mulheres, pela democracia. Nós ainda estamos aqui para
acordar o Congresso. Eles não podem trabalhar para si mesmos”, disse Torres.

