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Há 40 anos, Adalberto Aragão se tornava o 58º prefeito de Rio Branco e o 2º eleito pelo voto direto

Atualizada em 01/03/2025 17:42

Maioria dos administradores da Capital chegou ao cargo indicados como interventores

Neste sábado, 1° de março de 2025, faz 40 aos que o político Adalberto Aragão e Silva, cearense de Sobral, tomava posse como prefeito de Rio Branco, Capital do Acre.

Ex-contínuo do Banco do Brasil, condição na qual chegou ao Acre, na década de 1970, antes de ser eleito prefeito, foi vereador e presidente da Câmara Municipal, deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), secretário de Industria e Comércio no governo de Nabor Júnior até sair para a campanha na qual seria eleito pelo  PMDB com 23.957 votos, correspondentes a 53,68% do total de votantes, numa época bem distante de haver segundo turno na disputa eleitoral, dispositivo criado pela Constituição Federal de 1988, instituindo que em municípios com mais de mais de 200 mil eleitores. O vice-prefeito de Aragão era o professor de História e ex-vereador Airton Rocha, também do MDB.

Vista aérea da área onde hoje é a Praça da Revolução. Não foram encontrados registros fotográficos de Adalberto Aragão /Foto: Acervo/CDIH/Ufac

Aragão e Airton Rocha concorreram diretamente contra o então deputado estadual Luiz Pereira de Lima e seu vice, Eduardo Holanda, engenheiro e professor da Universidade Federal do Acre, também filiado ao PDS. Pereira se elegeria depois prefeito do município de Plácido de Castro e morreria em Rio Branco em 2020, aos 80 anos. Aragão, num acidente de carro na BR-364, em 2006.

O vice de Aragão era o professor Airton Rocha/ Foto: Reprodução

Na disputa de 1984, ano da eleição para a Prefeitura de Rio Branco, Aragão concorreria ainda com Arlindo Ferreira da Cunha, no então PFL e tendo como vice a médica Marly Genari Tezza. O casal de pefelista obteve 3.369 = 7,55%. O quarto candidato naquela disputa foi Raimundo Cardoso de Freitas, o Cardoso, do PT, tendo como vice o líder comunitário José Granjeiro Mendes, e tiveram 1.610 votos – 3,61% dos votos.

O quinto e último colocado foi o candidato do PCB (Partido Comunista Brasileiro), Pedro Vicente da Costa Sobrinho, professor da Ufac (Universidade Federal do Acre), com o vice Estanislau Siqueira Souza, também do PCB. Juntos tiveram 341 votos – 0,76%.

Adalberto Aragão substituiu como prefeito o engenheiro Flaviano Melo, que iniciaria ali a carreira mais longeva na política do Acre em 40 anos de mandato, quando se elegeu, após deixar a Prefeitura, a governador Estado, Senador da República, prefeito de Rio Branco em 2000 e obteve ainda mais quatro mandatos de deputado federal.

O mais incrível é que toda esta carreira política promissora de Flaviano Melo começou sem eleição universal.  Foi no máximo uma eleição indireta – ou melhor, uma eleição em que ele teve um voto contra seu nome e dado por ninguém senão o seu pai, o então deputado estadual Raimundo Hermínio de Melo. É que o nome de Flaviano Melo para ser prefeito de Rio Branco, numa época em que não haviam eleições municiais, foi indicado à Assembleia Legislativa pelo então governador estadual Nabor Júnior, já preparado a própria sucessão na política. Dos 24 deputados da Assembleia, só Raimundo Melo votou contra a indicação do filho para o cargo de prefeito.

Aliás, Raimundo Melo, assim como Wildy Viana e outros nomes conhecidos da política local, também passou pelo cargo de prefeito de Rio Branco, embora também indicados pelos governos federal ou territorial. O cargo de prefeito – ou intendente, como era chamado, no caso de Rio Branco, existe desde 1913, quando foi ocupado pelo seringalista de ascendência portuguesa, Joao Rola  – provavelmente, o mesmo que dá nome ao Riozinho do Rola, um dos tributários do Rio Acre, e que em cuja casa, em agosto de 1908, José Plácido de Castro foi abrigado e morreu após sofrer o atentado que pora fim à vida do líder da Revolução Acreana.

Rola ficou no cargo até 1915 e só haveria eleições diretas para a Prefeitura em 1963, quando o território foi elevado à condição de Estado e Rio Branco foi definida como Capital do novo Estado. O primeiro prefeito eleito, em 1953, foi, portanto, Anibal Miranda, o mesmo que foi governador interior na transição do território para novo Estado, enquanto era preparada a eleição estadual do novo governador e que foi vencida por Jose Augusto de Araújo.

Não há registros de quantos votos obteve o primeiro prefeito eleito, Aníbal Miranda, que ficaria no cargo só até 1964, quando os militares tomaram o Estado Democrático de Direito de assalto e implantaram a ditadura que permaneceria  no poder por 21 anos, período em que eleições livres e diretas não poderiam ocorrer em municípios considerados como áreas de segurança nacional – caso do Acre, que é região de fronteira com dois países – Bolívia e Peru.

Por isso, durante a ditadura militar, na Prefeitura de Rio Branco foi ocupada por interventores entre os quais se destacaram Adauto Brito da Frota, em pelo menos três e Alberto Costa além de Fernando Inácio dos Sars que permaneceu no cargo por oito longos anos, até 1983, quando foi substituído por Flaviano Melo.

De tal forma que Adalberto Aragão, embora tenha sido o 58º prefeito da história de Rio Branco, foi apenas o segundo eleito pelo voto direto – há 40 anos. Virou nome de bairro em Rio Branco.

 

Com colaboração do Contilnet.

 

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