Atualizada em 13/05/2024 09:28
Tendo sua estreia no dia 19 de abril, não coincidentemente, na data em que se celebra o Dia dos Povos Indígenas, o programa Shane Hui – A Voz da Aldeia vem contribuindo para o fortalecimento do etnoturismo no Acre. Todo sábado, a partir das 8h da manhã, a voz do apresentador Nelson Liano Jr. e convidados, é propagada na rede estadual de rádio Aldeia FM e Difusora Acreana.
O programa é uma iniciativa do governo do Acre, com o objetivo de valorizar a cultura indígena, principalmente no que diz respeito as músicas tradicionais, criando um espaço favorável para o diálogo entre diversas etnias.
Na região do Vale do Juruá, oeste do Acre, o programa deu voz a alguns povos, dentre eles, o Povo Puyanawa, que habita um território a alguns quilômetros do município de Mâncio Lima. Os indígenas dessa etnia tentam consolidar o resgate de uma cultura ancestral que foi duramente boicotada pelos avanços da atividade extrativista no decorrer do século anterior.
Resgate da Cultura Puyanawa
O povo Puyanawa (Povo do Sapo Grande), pertence a família linguística Pano. Habitam a Terra Indígena Puyanawa. A história desse povo é marcada pela luta para manter sua identidade e pelo renascimento das práticas tradicionais indígenas. Assim como outras etnias da Amazônia, o contato com os não indígenas resultou na opressão da cultura dos seus costumes ancestrais. “Nosso povo não tinha cultura”, foi com essa frase pesada e marcante que o cacique Joel Puyanawa relembrou os anos 2000, época em que assumiu a liderança do povo.
Segundo o líder indígena, foi apenas em 2008, com a chegada dos Jogos Olímpicos no local, que a aldeia viu a cultura dos povos indígenas durante as apresentações. “Eu entrei na arena como cacique e eu não pude cantar, porque eu não sabia. Um líder tem que ter raiz, história, conhecer, ser a principal pessoa de um povo. E eu não era”, relembra.
Como tudo o que conhecemos, houve um processo até o povo Puyanawa resgatar a sua cultura. “Dediquei minha vida a conhecer a espiritualidade e a cultura do meu povo. Foi quando eu renasci novamente, incorporei novo espírito”, conta Joel.
Atualmente, a aldeia conta com mais de 50 artesãos. O povo está munido de conhecimento para fazer as pinturas corporais, a tradicional caiçuma – bebida fermentada a base de mandioca -, e das 35 artes Puyanawa, 34 são feitas na própria aldeia. “Eu me sinto alegre hoje no cumprimento da minha palavra através da juventude”, frisa o cacique.
[Agência de Notícias do Acre]