Atualizada em 16/02/2025 12:03
Foto: Arquivo
O transporte coletivo, que representa uma parcela significativa do orçamento familiar, teve seu peso no IPCA neutralizado pela ausência de reajustes, contrastando com cidades como São Paulo, onde aumentos tarifários pressionaram a inflação
A recente divulgação do IBGE sobre a inflação negativa de -0,34% em Rio Branco, capital do Acre, em janeiro de 2025 , reacende o debate sobre políticas públicas que priorizam o controle de custos para a população. O congelamento das tarifas de ônibus, implementado desde 2021 pelo prefeito Tião Bocalom, não só se mostrou uma medida socialmente justa, mas também um instrumento eficaz para equilibrar a economia local, garantindo poder de compra aos trabalhadores e estabilidade em um cenário nacional de pressões inflacionárias.
Em 2021, a gestão Bocalom reduziu a tarifa de ônibus de R$ 4,00 para R$ 3,50 e manteve esse valor mesmo com o diesel subindo de R$ 3,50 para mais de R$ 7,00 . Essa decisão, sustentada por subsídios públicos de R$ 2,63 por passageiro, foi crucial para o resultado histórico de inflação negativa. O transporte coletivo, que representa uma parcela significativa do orçamento familiar, teve seu peso no IPCA neutralizado pela ausência de reajustes, contrastando com cidades como São Paulo, onde aumentos tarifários pressionaram a inflação.
Além disso, a queda de 16,60% nos preços da energia elétrica residencial, impulsionada por políticas federais, complementou o cenário deflacionário. Porém, o protagonismo do congelamento das tarifas é inegável: enquanto outras capitais enfrentavam pressões de custos, Rio Branco se destacou como a única cidade com variação negativa relevante no IPCA .
A tarifa de R$ 3,50 é a mais baixa do país entre capitais, beneficiando diretamente os 40% dos usuários que dependem do transporte público para trabalhar e estudar . Para famílias de baixa renda, a economia mensal com passagens equivale a recursos essenciais, como alimentação e medicamentos. O prefeito Bocalom destacou: “O que o trabalhador deixa de pagar numa passagem mais cara, o ajuda na compra de um pão para levar para casa” .
A política também incluiu 300 mil passagens estudantis a R$ 1,00 e gratuidades para idosos e pessoas com deficiência , reforçando o caráter inclusivo da medida. Em um país onde o transporte é o segundo maior gasto das famílias após a habitação , manter tarifas acessíveis é uma estratégia para reduzir desigualdades.
Críticos rotulam o congelamento como “populismo tarifário”, argumentando que subsídios desviam recursos de outras áreas . No entanto, Rio Branco demonstrou que é possível equilibrar responsabilidade fiscal e justiça social. Entre 2023 e 2025, a prefeitura injetou R$ 23 milhões em subsídios para o transporte público, garantindo a operação do sistema sem repassar custos à população.
A gestão Bocalom também modernizou parte da frota de ônibus, esta fazendo uma nova licitação para o setor, revitalizou vias urbanas estratégicas, pavimentou mais de 4 mil ruas e investiu na reestruturação do sistema de água e esgoto, distribuiu computadores e tlabletes para professores e estudantes, reajustou salarios de trabalhadores da saúde e educação, provando que investimentos em infraestrutura podem coexistir com políticas sociais . Isso desmonta a narrativa de que subsídios são incompatíveis com eficiência.
Enquanto cidades como São Paulo e Rio reajustaram tarifas em 2025 (para R$ 5,00 e R$ 4,70, respectivamente) , Rio Branco manteve a estabilidade. Esses aumentos, embora necessários para cobrir custos operacionais, impactaram a inflação e o poder de compra local. Em contrapartida, a capital acreana mostrou que priorizar o congelamento, aliado a subsídios bem planejados, pode ser uma alternativa viável em contextos de crise.
Apesar dos benefícios, o modelo depende de continuidade nos repasses públicos. Em 2023, a empresa de transporte atual ameaçou devolver 13 linhas por prejuízos , revelando a fragilidade do sistema. A licitação prevista para 2025 será decisiva para definir se o subsídio permanecerá sustentável a longo prazo.
O congelamento de tarifas em Rio Branco não é apenas uma medida paliativa, mas um exemplo de como políticas públicas podem alinhar desenvolvimento econômico e equidade social. Em um cenário onde o Brasil enfrenta inflação acima da meta, a estratégia de Bocalom prova que é possível proteger o bolso do trabalhador sem abandonar o rigor fiscal. Enquanto outras cidades enfrentam os desafios tarifários do transporte público, Rio Branco avança como laboratório de um modelo que prioriza pessoas e resultados concretos.
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