Publicado em 27/12/2025
COADJUVANTE - Lula: recursos ao Judiciário para tentar reverter reveses (Sergio Lima/AFP)
Entenda
Por Matheus Leitão | VEJA
O presidente Lula acerta ao determinar a expulsão do servidor
da Controladoria-Geral da União flagrado em agressão contra uma
mulher e uma criança no Distrito Federal. Não há estabilidade, cargo ou crachá
que possa funcionar como salvo-conduto para a barbárie. O serviço público —
e sobretudo um órgão de controle, como a CGU — não pode abrigar quem
confunde autoridade com licença para humilhar e agredir.
O presidente também acerta ao tratar o caso como algo maior do que um
episódio isolado: é uma mensagem de Estado. A punição precisa ser exemplar,
com demissão, apuração administrativa e investigação criminal, sem
contemporizações nem corporativismo. A violência, quando naturalizada, vira
método; quando punida com firmeza, vira aviso.
Claro: há política nisso. Sempre há. Lula sabe que a eleição do ano que vem se
aproxima e que existe um segmento grande do eleitorado — majoritariamente
urbano, cansado da impunidade e sensível a temas de segurança e proteção de
vítimas — que cobra gestos claros. E há ainda um cálculo óbvio: deslocar o
debate para valores básicos, onde a maioria se reconhece, e onde adversários
tendem a ficar sem discurso, porque ninguém ousa defender agressor.
Mas a constatação do cálculo não diminui o acerto. Pelo contrário: quando a
política coincide com o que é moralmente incontornável, ela deixa de ser só
tática e vira obrigação. E é justamente por isso que a fala de Natal, usada como
moldura para o recado, funciona. Reafirma que existe uma linha que não pode
ser atravessada — e que, se for, o Estado tem de reagir com o peso total da lei.

