Publicado em 13/12/2025
Professora de Relações Internacionais explica que o Brasil enfrenta o desafio de manter boas relações com os EUA enquanto busca uma solução pacífica para a crise venezuelana
Em entrevista ao Agora CNN, a professora de Relações Internacionais do Instituto Mauá de Tecnologia, Flavia Loss afirmou que a crescente tensão militar entre Estados Unidos e Venezuela cria uma situação extremamente delicada para o Brasil, que precisa equilibrar interesses diplomáticos e regionais.
De acordo com a especialista, o Brasil vive um momento positivo nas relações com os Estados Unidos, após conseguir reverter o tarifaço imposto pelo governo americano. “É uma situação bem difícil para o Brasil, porque nós estamos em um momento bom das relações com os Estados Unidos. Conseguimos reverter algo que foi muito difícil, que foi o tarifaço e isso foi um ganho diplomático gigantesco para o Brasil”, explicou.
Flavia destacou que o Brasil tradicionalmente se posiciona como mediador de conflitos na América Latina, devido ao seu peso econômico, geográfico e tradição pacífica na política externa. No entanto, a atual conjuntura limita essa capacidade mediadora: “O Brasil tem se colocado como potencial mediador dessa situação, mas a gente não tem muito espaço para isso, porque nós estamos reestabelecendo as nossas boas relações com o governo Trump”.
Riscos de uma intervenção militar
A professora alertou para os graves riscos que uma intervenção militar americana em território venezuelano representaria para toda a região. “A possibilidade do conflito da Venezuela se transformar em uma guerra civil é enorme. E, obviamente, o que acontece na Venezuela vai sobrar para o Brasil. Vão sobrar problemas, refugiados, e o narcotráfico tem a possibilidade de se espalhar pela região ainda mais”, afirmou.
Segundo a especialista, a Venezuela possui diversos atores armados além das forças armadas regulares, incluindo narcotraficantes fortemente armados que provavelmente se envolveriam em um eventual conflito. Além disso, a oposição ao governo de Maduro está dividida, o que complica ainda mais qualquer cenário de transição política.
“Na realidade, não há um plano para isso, o que é mais assustador”, alertou Flavia sobre a ausência de um planejamento claro dos Estados Unidos para o cenário pós-intervenção. “Qual é o objetivo dos Estados Unidos? A gente já tem alguma noção, mas qual será o plano para caso um ataque ocorra? Quem vai pagar essa conta?”, questionou a professora, evidenciando as incertezas que pairam sobre a situação.

