Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos EUA, Donald Trump
Imagem: – Evaristo Sá/AFP – Ludovic Marin/AFP | UOL
(Do UOL, em São Paulo)
O presidente Donald Trump parabenizou Lula pelo seu 80º aniversário hoje, ao
embarcar no Air Force One para deixar a Malásia, onde se encontrou com o presidente.
O que aconteceu
Republicano disse que ficou surpreendido com a idade do brasileiro e o chamou
de “um cara muito vigoroso”. Durante encontro ontem em Kuala Lumpur, Lula
brincou com a proximidade do aniversário e disse, um dia antes, que o americano
poderia “comer um pedacinho de bolo”.
Trump também afirmou que a reunião com o Brasil foi “muito boa”, mas não deu
certeza de um acordo. “Não sei se algo vai acontecer, vamos ver”, afirmou, dizendo
que “eles gostariam de fazer um acordo”.
“Tivemos uma ótima reunião, quero desejar um feliz aniversário ao presidente. É aniversário dele hoje, vocês sabiam? Ele é um cara bem vigoroso, na verdade. Fiquei muito impressionado. Hoje é aniversário dele, então feliz aniversário. Deixem ele saber disso, por favor.”
-Donald Trump
Lula e Trump se encontraram em Kuala Lumpur, na Malásia, ontem. Os dois
participam da cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). Para
jornalistas, Lula afirmou não querer “qualquer desavença com os EUA” e que “não há
motivo para qualquer conflito entre Brasil e EUA”.
Trump deixou aberta a possibilidade de “trabalhar em acordos” — se referindo
às tarifas impostas ao Brasil. “Em relação às tarifas impostas ao Brasil, acho que
tudo é justo. Tenho muito respeito pelo seu presidente, tenho muito respeito pelo Brasil.
Vamos trabalhar em acordos.”
Além disso, Trump disse ser uma “grande honra” estar com Lula. “Acho que eles
estão indo muito bem até onde sei. Podemos fazer bons acordos para ambos os países.
Acho que nós faremos acordos. Conversamos e acho que teremos um bom
relacionamento.”
Pauta a ser discutida com os Estados Unidos será “longa”, disse Lula após o
encontro. “Na hora que dois presidentes sentam em uma mesa e colocam seu ponto de
vista, a tendência natural é se chegar a um acordo. Estava muito otimista na
manutenção mais civilizada possível entre Brasil e Estados Unidos. Tenho uma longa
pauta para discutir com os Estados Unidos.”
“Reunião parecia impossível”, disse Lula. “O presidente Trump teve que viajar 22h
dos Estados Unidos para a Malásia, e eu tive que viajar 22 horas do Brasil para a
Malásia. E nós conseguimos fazer uma reunião que parecia impossível do Brasil com os
Estados Unidos aqui na Malásia”, comemorou o presidente, ao se dizer “feliz” com o
encontro, na abertura de uma reunião empresarial entre Malásia e Brasil.
Encontros são estratégicos para relação entre os países
Relação entre os países ficou estremecida após sanções e tarifas impostas
pelos EUA. Com articulação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o país anunciou
sanções contra autoridades e aumentou as taxas sobre produtos importados do Brasil.
Inicialmente Brasil havia sido submetido a uma taxação de 10%. Quando
anunciou a nova política de tarifas sobre produtos importados, em abril deste ano, este
valor foi o mínimo imposto por Trump a outros países.
Avanço do julgamento da trama golpista no Brasil motivou aumento na taxa. Em
julho, taxação sobre produtos brasileiros passou a 50%. A justificativa foi que ações do
governo brasileiro prejudicavam “empresas americanas e os direitos de liberdade de
expressão de cidadãos americanos”.
No mesmo mês, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de
Moraes foi sancionado com a Lei Magnitsky. Antes, Moraes, sete outros ministros e
o procurador-geral da República, Paulo Gonet, já tinham tido seus vistos americanos
cancelados.
Condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro também motivou sanção. Desta
vez, a lei Magnitsky foi aplicada à esposa de Alexandre de Moraes, a advogada Viviane
Barci de Moraes, e ao instituto Lex, ligado à família.
Governo brasileiro disse que não aceitaria interferência. Mauro Vieira afirmou que
soberania brasileira “não é moeda de troca diante de exigências inaceitáveis”.
Lula chegou a autorizar reciprocidade. Aplicação de tarifas recíprocas pelo Brasil foi
comunicada aos Estados Unidos, mas não chegou a entrar em vigor.
Após reunião, presidente brasileiro disse “estar convencido” de um acordo em
poucos dias. “Se depender de Trump e de mim, vai ter acordo”, afirmou o brasileiro.

