O New York Times publicou nesta sexta-feira (12) um artigo de opinião de Steven Levitsky, professor em Harvard e coautor do best-seller “Como as Democracias Morrem”, e Filipe Campante, professor de economia em Johns Hopkins.
No texto, os autores afirmam que o Brasil “acaba de ter sucesso onde a América falhou”, ao condenar Jair Bolsonaro por conspirar contra a democracia. O Supremo Tribunal Federal sentenciou o ex-presidente a 27 anos de prisão.
“Na quinta-feira, a Suprema Corte brasileira fez o que o Senado americano e a Justiça federal tragicamente fracassaram em fazer: levar à Justiça um ex-presidente que atentou contra a democracia”, escrevem.
“A administração Trump está tentando usar tarifas e sanções para intimidar os brasileiros a subverter seu sistema legal — e sua democracia junto com ele”, afirmam, em referência à sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros aplicada desde agosto.
Campante e Levitsky também ressaltam que, ao contrário dos EUA, as instituições brasileiras reagiram cedo ao risco autoritário. Eles lembram que o STF abriu o inquérito das fake news, suspendeu contas de aliados de Bolsonaro, mandou remover conteúdo antidemocrático das redes e até prendeu o deputado Daniel Silveira (PL-RJ) que, segundo eles, pregava a ditadura. “Essas medidas foram controversas, mas consistentes com o que democracias europeias fazem para conter ameaças às suas instituições”, dizem.
Para os autores, a experiência histórica de uma ditadura militar ajudou autoridades brasileiras a agir com mais firmeza. Eles citam declaração de Moraes: “Percebemos que podíamos ser Churchill ou Chamberlain. Eu não queria ser Chamberlain.”
A frase é uma referência à Segunda Guerra Mundial: Neville Chamberlain, então premiê britânico, tentou apaziguar Hitler e fracassou; já Winston Churchill adotou posição firme e liderou a resistência contra o nazismo.
“Com todos os seus defeitos, a democracia brasileira está mais saudável hoje do que a americana”, dizem.
[FOLHA DE SÃO PAULO]


