O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), determinou o encaminhamento ao Conselho de Ética de quatro representações que solicitam a cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Três desses pedidos foram formalizados pelo PT e um pelo PSOL. O parlamentar encontra‑se nos Estados Unidos desde fevereiro, em licença não remunerada, e segue articulando, no exterior, medidas que impactam negativamente os interesses do Brasil.
Segundo fontes, o PT intensificou a pressão sobre Hugo Motta para pautar o tema, mobilizando sua militância digital com mensagens que associam Eduardo Bolsonaro à traição ao país. A estratégia incluiu estímulos para que os apoiadores “bombardeiem” as redes e e-mails funcionais do presidente da Câmara, exigindo a perda de mandato do deputado. Além disso, o líder partidário Lindbergh Farias apresentou requerimentos formais visando afastamento cautelar ou cassação, com alegações de que a postura de Eduardo seria incompatível com o decoro parlamentar, atentando contra a soberania nacional.
Até então, Hugo Motta havia retardado a tramitação dessas representações. Alguns aliados defendiam cautela, evitando avançar num momento de tensão diplomática com os Estados Unidos — em especial após a adoção de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo americano. A Casa avaliava que o envio dos pedidos ao Conselho de Ética poderia ser interpretado como um endurecimento desnecessário diante do cenário internacional já delicado. Ainda assim, o encaminhamento formal foi efetuado, abrindo agora o processo de análise institucional.
Vale lembrar que o deputado Eduardo Bolsonaro acumula diversas faltas não justificadas. Ele retornou automaticamente da licença em 21 de julho, mas continua ausente fisicamente. Conforme as normas da Câmara, a perda de mandato pode ocorrer se o parlamentar atingir 33% de ausências nas sessões ordinárias, a menos que justifique por missão oficial ou licença. Seu comportamento, incluindo mobilizações no exterior que contrastam com a defesa dos interesses nacionais, gerou reações críticas e motivou os pedidos de cassação.
[KEVIN MORAIS]

