
O laboratório brasileiro EMS inicia hoje a comercialização das primeiras canetas injetáveis produzidas integralmente no Brasil para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Os produtos foram aprovados pela Anvisa em dezembro de 2024 e já receberam a autorização para distribuição em agosto de 2025
Os lançamentos são:
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Olire: voltada ao tratamento de obesidade, com dose diária de até 3 mg de liraglutida;
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Lirux: dedicada ao controle do diabetes tipo 2, com dose diária de até 1,8 mg
Ambas imitam a ação do hormônio intestinal GLP‑1, reduzindo o apetite, retardando o esvaziamento gástrico e estabilizando os níveis de insulina e glicose
Produção 100% nacional e tecnologia de alta pureza
A EMS inaugurou uma nova fábrica em Hortolândia (SP), com investimento superior a R$ 70 milhões (incluindo financiamento do BNDES), para fabricar os medicamentos desde a matéria‑prima até a forma final. A capacidade é de 20 milhões de unidades por ano, com expectativa de alcançar 40 milhões já a partir de março de 2025
Tecnologia de síntese química avançada de peptídeos (UltraPurePep) garante alto grau de pureza e padronização no processo produtivo
Preços e volumes previstos
Iniciam-se com 100 mil unidades de Olire e 50 mil de Lirux, distribuídas por redes como Raia, Drogasil, Drogaria São Paulo e Pacheco, principalmente nas regiões Sul e Sudeste; a expansão para outras regiões será gradual nas próximas semanas
Preços sugeridos:
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Olire (3 canetas): R$ 760,61
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Lirux (2 canetas): R$ 507,07
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Embalagem com 1 caneta: R$ 307,26
A EMS prevê vender 250 mil unidades até o fim de 2025, chegando a 500 mil unidades até agosto de 2026, o que representaria 25 % do faturamento da empresa nos primeiros dois anos de comercialização
Eficácia e contexto médico
Estudos internacionais apontam que doses diárias de 3 mg de liraglutida levam a:
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Perda de peso médio de 8 %;
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63,2 % dos pacientes com redução ≥ 5 % do peso corporal;
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33,1 % com redução ≥ 10 %;
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14,4 % com redução ≥ 15 %
Apesar de eficaz, a liraglutida requer aplicação diária, o que pode afetar adesão ao tratamento. Em comparação, a semaglutida (Ozempic/Wegovy), usada semanalmente, mostrou redução média de 15–17 % do peso corporal em cerca de 68 semanas e melhor perfil de adesão
Impacto na saúde pública e futuro
Com preços entre 10 % e 20 % inferiores aos dos medicamentos de referência (como Saxenda) e produção nacional, essas novas opções ampliam o acesso terapêutico e podem pressionar os preços do mercado brasileiro.
A previsão é de que em 2026 a EMS lance também versões com semaglutida, assim que expirar a patente em março do ano que vem, oferecendo uma alternativa mais eficaz e com aplicação semanal.
Recomendações médicas e uso responsável
O uso das canetas exige prescrição médica retida na farmácia, que entrou em vigor em junho de 2025. O acompanhamento profissional é essencial para ajustar doses e monitorar possíveis efeitos adversos UOL.
Especialistas lembram que a medicação é parte de um tratamento integrado, que inclui alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas e suporte interdisciplinar, conforme as diretrizes da SBEM
Em resumo
| Aspecto | Detalhes |
|---|---|
| Produto | Olire (obesidade) e Lirux (diabetes tipo 2) |
| Princípio ativo | Liraglutida, análogo de GLP‑1 |
| Administração | Aplicação diária, por via subcutânea |
| Produção | Totalmente nacional em fábrica da EMS em Hortolândia (SP) |
| Preço estimado | 10–20 % abaixo dos referenciados (~R$ 760 por 3 canetas) |
| Eficácia estimada | Perda média de ≈ 8 % em 56 semanas |
| Comparativo com semaglutida | Menor frequência (diária), mas menor eficácia e adesão que semaglutida semanal |
| Impacto esperado | Expansão do acesso, estímulo à concorrência e descentralização da produção farmacêutica |

