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domingo, 25 de maio de 2025
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Kotscho: Bateção de cabeças no governo mina o projeto de Lula 4

Atualizada em 25/05/2025 10:13

19.05.25 – O presidente lula em evento no Palácio Itamaraty, em Brasília
Imagem: EVARISTO SA / AFP

(Ricardo KotschoColunista do UOL)

“Só perco essa eleição para mim mesmo”, desabafou o presidente Lula para
aliados nessa semana, ao voltar de mais uma vilegiatura no exterior, diante do
clima de barata voa que encontrou no governo e as divisões na oposição pósBolsonaro inelegível.

Não deixa de ser verdade, e não tem nada a ver com a idade ou a saúde do
presidente. Na pilha de crises e problemas que encontrou sobre a sua mesa no
Planalto, a bateção de cabeças entre ministros, o fogo amigo e os tiros no pé
do governo, dando munição aos adversários, deixaram Lula sem saber por
onde começar para desatar os nós e botar ordem na casa.

E a cada dia a coisa piora. Já não dá para colocar a culpa na comunicação,
muito menos na oposição, que só está preocupada com anistia para Bolsonaro.
Basta ver o que aconteceu na quinta-feira, quando o governo ia anunciar mais
um corte de gastos para salvar o arcabouço fiscal.

Antes que os ministros Haddad e Tebet, em Brasília, pudessem anunciar e
explicar as medidas, os dois levaram um “furo”, como se diz no jargão
jornalístico, do colega dos Transportes, Renan Filho, que vazou as novidades
durante um evento em São Paulo.

Pior: apenas 6 horas após o anúncio oficial, Haddad teve que fazer o primeiro
recuo diante da repercussão negativa do aumento do IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras), que fez a Bolsa cair e o dólar subir. Falou-se mais
disso do que do congelamento de R$ 30,1 bilhões nas despesas do governo,
que seria uma notícia positiva.

Na mesma semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que já tinha sido
derrotada pelo ministro Alexandre Silveira, das Minas e Energia, na discussão
sobre a exploração de petróleo na foz do Amazonas, levou mais uma rasteira
no governo com o “liberou geral” dos licenciamentos e controles ambientais
promovido pela bancada ruralista, sob o comando do “aliado” Davi Alcolumbre,
o novo poderoso de Brasília.

Marina e Haddad acumulam derrotas nos embates dentro do ministério e foram
perdendo prestígio em duas áreas vitais para a credibilidade e popularidade do
governo. Até quando eles resistirão estoicamente, num cenário de puxadas de
tapete e bolas nas costas, com Lula tendo que mediar a toda hora o corte de
gastos com o aumento de despesas?

É um cenário bem diferente do que vimos nos governo Lula 1 e Lula 2, quando
o presidente não teve que entrar em tantas bolas divididas e podia viajar sem
sustos dentro e fora do Brasil, porque tinha na retaguarda José Dirceu, no
começo, e, depois, Dilma Rousseff, que administravam as divergências internas
e as relações com a base aliada. Eram equipes mais unidas e coesas que
acompanhavam o presidente desde a primeira campanha presidencial, em
1989.

Agora, no Lula 3, com um ministério bem mais fraco e desunido do que os
anteriores e um Congresso muito mais hostil e empoderado, o presidente já não
mostra a mesma disposição e paciência para apagar incêndios e assumir a
articulação política nas situações de crise, que se acumulam entre uma viagem
e outra.

O governo, a esta altura, está sempre correndo atrás do prejuízo, demorando a
reagir, cedendo cada vez mais parcelas de poder ao Congresso, sem conseguir
retomar a iniciativa das ações políticas para reverter a curva descendente nas
pesquisas.

Falta pouco mais de um ano e meio para a próxima eleição presidencial, mas
neste momento o panorama é sombrio para o projeto de Lula 4. Na pesquisa
Ipespe divulgada na última semana, 54% desaprovam e 40% aprovam o
governo, mas o mais preocupante para o governo é a resposta dada quando
perguntaram o que esperar da gestão Lula nos próximos meses: para 44%,
ainda vai piorar.

Como reverter este sentimento pessimista? Não basta investir na comunicação
do que já foi feito, mas oferecer algo novo ao eleitorado para voltar a acreditar
no próprio taco. Quando o maior adversário do governo é o próprio governo,
fica difícil encontrar respostas. Em reforma ministerial, já nem se fala mais.

Vida que segue.

 

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