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sábado, 24 de maio de 2025
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Sebastião Salgado deixa legado ambiental ao recuperar biodiversidade da Mata Atlântica

Atualizada em 24/05/2025 07:23

Lélia e Sebastião Salgado na RPPN Fazenda Bulcão, sede do Instituto Terra — Foto: Philippe Petit /Divulgação

Junto com sua esposa, o fotógrafo defendeu causas ambientais e fundou ONG para contribuir com a preservação do meio ambiente.

Com a morte de Sebastião Salgado, de 81 anos, nesta sexta-feira (23), o Brasil não perde somente um dos maiores fotógrafos do país, mas uma figura importante para a preservação do meio ambiente e da Mata Atlântica.

Em 1998, ele e sua esposa Lélia Wanick tomaram a decisão de reflorestar a Fazenda Bulcão, em Aimorés, Minas Gerais, que já era propriedade da sua família há mais de uma geração. Com isso, houve a recuperação da biodiversidade local, aliada a um desenvolvimento rural sustentável às margens da Bacia do Rio Doce.

A iniciativa resultou no plantio de aproximadamente 2,7 milhões de árvores, restaurando em média de 600 hectares de floresta. A área, antes desértica, voltou a abrigar centenas de espécies de fauna e flora nativas, muitas delas ameaçadas de extinção e foi o ponta pé inicial para a criação do Instituto Terra, ONG fundada pelo casal.

No perfil oficial no Instagram, a organização fez uma postagem sobre a morte do fotógrafo.

“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”.

Processo de reflorestamento

Fazenda do Bulcão antes e depois do processo de reflorestamento iniciado em 1998 — Foto: Divulgação / Instituto Terra

A área da Fazenda do Bulcão passou por um processo chamado de restauração ecossistêmica e adquiriu o status de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). O local, que antes tinha dificuldade até para crescer pastagem, transformou-se em mata fechada e um refúgio cheio de vida silvestre.

“É um modelo, é um piloto para o Brasil, e eu diria que talvez seja um piloto para o mundo. O que nós fizemos no Instituto Terra tem que ser feito em todas as partes do Brasil.”, disse Sebastião Salgado ao Jornal Nacional, em 2021.

Entre as etapas desse trabalho descritas naquela época pelo fotógrafo, está o processo de produção de mudas que começa primeiro com a coleta de sementes. Nesta fase, estão envolvidos até mesmo especialistas em rapel. Depois, há uma seleção em laboratório e conservação em câmeras frias. O canteiro onde as mudas brotam é descrito como uma imensa fábrica de floresta. As mudas são cuidadas para se desenvolverem fortes e saudáveis. Há nove meses de trabalho para prepará-las para os mutirões de plantio durante a estação chuvosa.

“Cuidamos com muito carinho, porque é preciso ter certeza de que vão se desenvolver de maneira forte, saudável, recebendo tudo aquilo de que elas precisam”, disse a então diretora-executiva do Instituto Terra, Isabela Salton, na mesma entrevista ao JN.

Durante uma entrevista para o Globo Repórter também em 2021, Lélia Wanick destacou que a restauração da cobertura vegetal estava atraindo animais para as áreas reflorestadas pela ONG ambiental.

“Quando chegam os felinos e os macacos, é porque toda a cadeia alimentar está pronta. Eles têm o que comer. Essa floresta é uma floresta jovem, mas ela está formada”, disse Lélia.

Recuperação de nascentes do Rio Doce
Junto com o reflorestamento da Mata Atlântica, Sebastião Salgado se preocupou em recuperar as nascentes do Rio Doce e fez isso por meio do projeto Olhos D’Água.

Em 2015, ele e Lélia conversaram com a equipe do Jornal Hoje para falar sobre o tema. Naquele ano, as nascentes do famoso rio mineiro haviam sido restauradas em sete municípios e a meta era conseguir recuperar todas as 370 mil.

“Nós podemos fazer, mas com todos juntos. É um problema de todos, de governo de empresas e dos cidadãos, é um problema nosso”, disse Sebastião ao JH.

(G1)

 

 

 

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