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sábado, 19 de abril de 2025
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Datafolha: 58% dos brasileiros veem aumento da criminalidade nos últimos 12 meses

Atualizada em 12/04/2025 10:20

Imagem: Enterro do arquiteto Jefferson Dias Aguiar no cemitério Parque dos Ipês, na Grande São Paulo; ele foi baleado e morto após atropelar um assaltante na zona oeste da capital – Zanone Fraissat – 3.abr.25/Folhapress

Um em cada quatro entrevistados diz que problema permanece igual, e minoria vê melhora; percepção é pior nas metrópoles e entre mulheres

Tulio Kruse
São Paulo

Mais da metade da população brasileira (58%) afirma que a criminalidade aumentou na sua cidade nos últimos 12 meses. A avaliação de piora na segurança é predominante entre homens e mulheres, jovens e idosos, pessoas de várias faixas de renda e com preferências partidárias diferentes.

Os dados são de pesquisa Datafolha realizada entre os dias 1º e 3 de abril em 172 municípios, com 3.054 entrevistados acima dos 16 anos. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Enquanto a maioria absoluta relata aumento da criminalidade, 1 em cada 4 entrevistados (25%) considera que o problema não aumentou nem diminuiu nos últimos 12 meses. Uma minoria de 15% afirma que os crimes caíram, e 2% não responderam.

A percepção de piora é maior entre mulheres, entre moradores de regiões metropolitanas e na região Sudeste. É menor entre aqueles moradores das regiões Norte e Centro-Oeste e entre quem declara intenção de voto no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Capitais e regiões metropolitanas concentram os relatos de avanço da criminalidade, com 66% dos moradores falando em aumento do problema. No entanto, cerca de metade dos entrevistados (51%) nas cidades do interior também afirma que a delinquência se agravou.

Entre os homens, 52% dizem perceber um aumento na criminalidade, e 19% veem diminuição. A diferença em relação às mulheres chega a dez pontos percentuais: 62% respondem que houve alta, e só 12% falam em queda.

Quando se comparam as diferentes faixas de renda, a percepção da criminalidade teve resultado pior nos extremos mais pobres e mais ricos. Entre quem ganha mais de dez salários mínimos, 64% respondem que a criminalidade aumentou e 12% que diminuiu —apesar do resultado acima da média, a margem de erro para esse segmento é de oito pontos, o que o coloca em empate técnico com as demais.

Entre aqueles com renda familiar menor que dois salários mínimos, 59% relatam piora na violência e 16% veem melhora (com margem de erro de três pontos). Na faixa que ganha entre cinco e dez salários estão as respostas mais positivas: metade (50%) vê piora na criminalidade, 31% dizem que continua igual e 16% afirmam que houve melhora (a margem é de cinco pontos para essa faixa de renda).

Além de avaliar a segurança no município onde mora, o entrevistado foi questionado sobre a segurança no próprio bairro. Embora em proporção menor do que a violência na cidade, a maior parte (44%) respondeu que a criminalidade também aumentou na sua vizinhança. Uma parcela semelhante, de 38%, diz que a situação não mudou no último ano, e 19% dizem que o problema diminuiu

Entre aqueles que declaram intenção de voto no presidente Lula nas próximas eleições, 47% afirmam que a segurança piorou na sua cidade, 27% dizem que nada mudou e 25% veem melhora. Entre quem declara voto em Jair Bolsonaro (PL), 68% respondem que houve piora na delinquência, 22% dizem que a situação está igual e 12% dizem que melhorou. Em ambos os espectros, a margem de erro é de três pontos.

Entre os entrevistados que citaram intenção de voto em outros pré-candidatos, a maioria afirma que a criminalidade aumentou.

O Datafolha mostra que 1 a cada 10 brasileiros teve o celular roubado nos últimos 12 meses. A única região com resultados abaixo da média é o Sul, com 6% dos entrevistados relatando roubo de celular no período. Assim como a percepção de criminalidade, os casos de roubo também se concentram nas capitais e regiões metropolitanas e têm incidência menor no interior.

O instituto chegou a resultado semelhante numa pesquisa realizada no ano passado. Com base nos dados, estima-se que mais de 14 milhões de pessoas sejam vítimas desse crime no período de um ano.

Outros levantamentos do Datafolha também já captaram o tamanho dos prejuízos causados pela falta de segurança e o crescente receio com esse tema no país. Em junho do ano passado, por exemplo, 3 em cada 10 brasileiros diziam que o receio de ser assaltado fazia com que deixassem em casa, ou em outro local seguro, seus telefones celulares que contém aplicativos bancários.

Para o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, a piora na percepção de criminalidade pode estar relacionada ao crescimento dos prejuízos decorrentes de crimes patrimoniais.

“O sentimento de medo não é infundado”, diz Lima. “Os crimes têm um impacto muito maior na vida das pessoas, sobretudo os crimes patrimoniais. Isso ocorre em função do celular: antigamente a gente tinha o prejuízo só do hardware [do aparelho], mas hoje o criminoso tem acesso às informações pessoais, à privacidade, aos aplicativos bancários, e outros apps como os de entrega em que se aplicam golpes”.

Pesquisa do ano passado, feita em parceria com o Fórum, estimou um prejuízo de R$ 71 bilhões à população brasileira em consequência de roubos de celulares e dos crimes digitais ao longo de 12 meses.

De forma geral, pesquisas vêm mostrando queda nas estatísticas de homicídio no país nos últimos ano, ao mesmo tempo em que a dinâmica dos crimes patrimoniais vem mudando. O último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com dados de 2023, mostrou uma queda de 10% nos roubos e furtos de celular, mas o patamar desse tipo de mantinha-se elevado —naquele ano, um celular foi subtraído a cada dois minutos no país.

Já os estelionatos, conhecidos popularmente como golpes, aumentaram 360% entre 2018 e 2023, chegando a quase 2 milhões de casos registrados em um ano.

Na pesquisa realizada neste mês, os entrevistados foram questionados se costumam ver vídeos de assassinatos e roubos seguidos de morte, e se acreditam que a exposição a esse tipo de conteúdo pode influenciar sua percepção da violência.

Seis em cada dez brasileiros (62%) afirmam que veem esse tipo de conteúdo para se “manter informado sobre a situação da violência no Brasil”. Ao mesmo tempo, para 73% a divulgação de vídeos na imprensa e redes sociais faz com que sintam que podem ser vítimas de situação parecida.

Nos últimos dois anos, a segurança pública tornou-se uma pauta para a política em todas as esferas da administração pública. No ano passado, o governo Lula propôs a PEC da Segurança, com a intenção de dar mais poderes à Polícia Federal, aumentar o escopo de atuação da Polícia Rodoviária Federal e unificar os sistemas de registro de boletins de ocorrência, entre outras mudanças.

No âmbito municipal, uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que garantiu às guardas municipais o poder de polícia tem gerado debate sobre as atribuições dos municípios e dos estados —uma vez que a Polícia Militar e a Polícia Civil estão sob comando dos governos estaduais.

Em São Paulo, a gestão Ricardo Nunes (MDB) tem como principal vitrine um sistema de câmeras de monitoramento com tecnologia de reconhecimento facial, o Smart Sampa. As prisões de foragidos da justiça encontrados por meio do programa tem sido divulgadas à imprensa pela prefeitura com frequência.

*Com Informação da Folha de São Paulo

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