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Viveu e depois morreu

Atualizada em 12/08/2024 10:16

  Muitos se comportaram como mortos vivos, não Delfim Neto. Ele atendeu a ordem natural.

          Não disponho das devidas e necessárias condições para avaliar, em todas as suas dimensões, a real importância, ou não, do ex-ministro Delfin no comando da nossa economia, particularmente, entre os anos 1969 e 1973, período em que éramos presididos pelos generais Costa e Silva e Médici, o mais brabo do nosso regime militar.

         Delfin Neto, no referido período, foi uma figura complexa, sobretudo, porque era considerado o homem dos generais. Somente agora, após a sua morte é que poderemos avaliar se as oposições que lhes eram feitas resultavam da natureza do regime, de então, ou da sua incapacidade de ter se tornado o czar da nossa economia.

         Registre-se que no referido período a nossa economia viveu os seus mais prósperos anos, e bem a propósito, chegou a recebeu a aprazível  denominação de milagre econômico. Nele a nossa economia chegou a alcançar taxas de crescimento superiores a 10% ao ano. Presentemente já nos daríamos por satisfeito se conseguirmos chegar aos 3%.

        Habilidoso no enfrentamento das críticas que lhes dirigiam e competentíssimo em reduzir os argumentos contrários, não fosse assim, após a nossa redemocratização, o seu nome restaria, e muito bem destacado, no livro negro de nossa história.

      Quando falava do crescimento da nossa economia, criou alguns slogans que suscitaram as mais diversas críticas. Aqui citaria dois deles: 01 – Exportar é o que importa. 02 – É preciso deixar o bolo crescer para depois reparti-lo. Hoje, com o passar dos tempos, já adquirirmos a plena consciência do quanto é importante as nossas exportações, vide o extraordinário sucesso do nosso agro-negócio, sobretudo, quando comparados com o fracasso das nossas políticas industriais.

     O fato de ter assinado o AI-5 e, portanto concordado com as suas disposições, com certeza, o transformou-o num dos alvos dos críticos que, num crescendo, buscava a nossa redemocratização. Ainda em vida, o próprio Delfim Neto reconheceu que o movimento ao qual serviu se distanciou mais que o bastante, do nosso povo.

       Para além de czar da nossa economia, Delfim Neto ainda exerceu as funções de ministro da Agricultura e do Planejamento e somente no governo do então presidente José Sarney, em definitivo, não mais voltou a exercer as chamadas funções de Estado. A partir de então, passou a exercer cinco mandatos de deputado federal, um deles, como integrante da nossa Assembléia Nacional Constituinte, exatamente o que me possibilitou conviver bastante próximo de tão expressiva figura de nossa história, pois na condição de seu aluno, devo-lhe muito do que consegui aprender.

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