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terça-feira, 13 de maio de 2025
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Trump acusa Brasil de aplicar tarifas ‘injustas’ e cita país no Congresso

Atualizada em 05/03/2025 10:27

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O presidente Donald Trump mencionou o Brasil como exemplo de um país que,
segundo ele, trata os EUA de forma injusta no comércio internacional. A menção
ocorreu em seu discurso diante do Congresso americano na noite de ontem. A
referência ao país foi recebida no governo de Luiz Inácio Lula da Silva como um
sinal de que o Brasil não será poupado de medidas protecionistas, ou pelo
menos de uma pressão por parte da Casa Branca por uma negociação.

O uso do Brasil como exemplo de protecionismo se contrasta com os números
do comércio bilateral. A Câmara de Comércio Brasil EUA destaca como a tarifa
média cobrada pelo Brasil aos bens dos EUA é de apenas 2,7% e que o
superávit americano é de mais de US$ 200 bilhões.

Foi a primeira vez em que Trump falou aos congressistas neste mandato,
repetindo slogans de sua campanha, ataques às políticas de diversidade e
ampliando a radicalização de suas propostas políticas.

Num tom messiânico e fazendo promessas de tomar territórios pelo mundo,
Trump disse que foi salvo de um atentado em 2024 “para fazer os EUA grandes
de novo”. O discurso, repleto de mentiras e desinformação, foi o mais longo já
feito por um presidente americano diante do Congresso.

No dia em que a bolsa desabou diante do risco de uma guerra comercial, o
republicano defendeu sua política de tarifas contra aliados e adversários.
Segundo ele, empresas estrangeiras estão supostamente transferindo suas
fábricas para os EUA como forma de fugir dessas barreiras.

Trump, no entanto, teve de admitir que “algum distúrbio” pode ocorrer no curto
prazo, em uma alusão à inflação e violando sua promessa de campanha de que
adotaria medidas para reduzir o custo de vida dos americanos.

Além do Brasil, Trump criticou a Índia, China, México, Canadá e os europeus.
Segundo o presidente, medidas de reciprocidade contra governos estrangeiros
vão entrar em vigor a partir de 2 de abril. “O que eles nos colocarem de tarifas,
colocaremos neles”, disse.

“Todos os países se aproveitaram de nós por muitos anos, mas isso não vai
mais acontecer”, disse. Segundo ele, “haverá alguma dificuldade”. “Mas tudo
bem, não vai ser muita”, disse.

A apologia às tarifas ocorre ainda no mesmo dia em que Canadá, México e
China anunciam retaliações contra os EUA, instaurando uma guerra comercial
com o potencial de jogar a economia global em um período de incertezas.

Elissa Slotkin, senadora de Michigan, foi a porta-voz dos democratas para
responder ao discurso do republicano. “Se ele (Trump) não for cuidadoso, seu
governo irá nos levar à recessão”, alertou.

 

A referência ao Brasil ocorre duas semanas depois que a Casa Branca usou
justamente a situação no país para justificar medidas protecionistas.

Em 14 de fevereiro, numa consolidação de sua estratégia comercial, Donald
Trump publicou um plano de aumento de tarifas de importação e o
estabelecimento de uma regra que cria um tratamento recíproco contra alguns
de seus maiores parceiros comerciais.

O Brasil, naquele momento, foi citado no memorando assinado na Casa Branca
como um exemplo de país que pode ser afetado por tarifas por conta de suas
taxas impostas sobre o etanol americano.

A situação do etanol e a preocupação do governo brasileiro sobre esse ponto
tinham sido antecipadas com exclusividade pelo UOL no início de fevereiro.

Naquele momento, a Casa Branca acusou o Brasil de cobrar 18% de tarifas
para o etanol dos EUA. Mas os americanos taxam o produto brasileiro em
apenas 2,5%. O governo americano destaca que, como consequência dessa
discrepância, “os EUA importaram US$ 200 milhões em etanol do Brasil em
2024, mas exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.”

Apesar das promessas de Trump e de suas ameaças, não houve ainda uma
aplicação imediata das taxas. Mesmo assim, a referência explícita ao Brasil foi
considerada como uma preocupação dentro do governo.

No governo de Jair Bolsonaro, o Brasil eliminou as tarifas para o etanol
americano. Mas, nos primeiros meses do governo Lula, o produto voltou a ser
taxado em 18%.

Para atender a regiões dos EUA que votaram amplamente pelo republicano, a
Casa Branca abraça a reivindicação dos exportadores de estados como Iowa,
Nebraska, Missouri, Indiana e Kansas.
O governo Lula também considera que Trump pode usar as tarifas como
instrumentos de barganha em outras áreas, ou mesmo como punição. Uma
delas seria o tratamento das plataformas digitais no Brasil, alvos constantes de
questionamentos por parte do STF.

O Brasil também considera que pode ser “punido” por algum tipo de
relacionamento mais próximo com a China, país que define hoje a política
externa de Trump

Sessão marcada por protestos

 

Foto: Ao lado do presidente republicano Donald Trump, a congressista democrata Melanie Stansbury segura um cartaz que diz: “Isso não é normal”. Trump fez hoje seu primeiro discurso do segundo mandato aos congressistas no Capitólio
Imagem: Win McNamee – 4.mar.25/Reuters

O discurso do presidente Donald Trump ao Congresso foi marcado ainda por
protestos por parte dos deputados e senadores democratas. Assim que o
republicano entrou, uma das parlamentares, Melanie Stansbury, segurava um
cartaz que dizia: “Isso não é normal”.

O chefe da Casa Branca usou o palco para reafirmar sua agenda radical, sem
qualquer sinalização de uma pacificação do país e chamou a ala progressista
de “lunáticos”.

A sessão se transformou num espelho da crise profunda que atravessa o país,
assim como em mais um capítulo do mal-estar diante das acusações contra o
novo governo de promover um desmonte da democracia, das instituições e do
estado de direito.

Foto: Democrata Al Green, do Texas, teve de sair escoltado da câmara após se recusar a ficar sentado para ouvir o discurso do presidente republicano Donald Trump aos parlamentares no Capitólio
Imagem: Win McNamee -4.mar.25 REUTERS

Instantes depois de Trump iniciar seu discurso, um dos deputados do Texas, Al
Green, se recusou a se sentar e denunciava que o presidente “não tem o
mandato” de tomar as medidas que está adotando. Ele foi obrigado a se retirar
da sala, escoltado por policiais que eram aplaudidos pelos republicanos.

O discurso seria interrompido pela segunda vez, com a saída do deputado
Maxwell Frost, que vestia uma camisa com a mensagem “Nenhum rei vive aqui”.

Após o discurso, Frost explicou seu ato. “Nossa democracia pode entrar em
colapso”, alertou. “Trump quer ser um rei. Mas não temos rei neste país”,
insistiu. “Temos uma pessoa que controla o Congresso hoje”, lamentou.

O senador Bernie Sanders foi um dos que deixou a sala, sem esperar o fim do
discurso. Pelo menos dez democratas fizeram o mesmo, em um gesto de
protesto.

Outros parlamentares optaram por boicotar o evento e sequer entraram no
Congresso. Entre eles estavam Gerry Connolly, Don Beyer, Kweisi Mfume e
Alexandria Ocasio-Cortez.

Na sala, quem ficou levantou placas contra Elon Musk, alertas contra “mentiras”
que Trump estaria falando e denunciando o desmonte do estado.

foto: Congressista Nydia Velazquez segura uma placa de protesto com os dizeres “Musk rouba”durante discurso de Trump em sessão conjunta no Capitólio
Imagem: Win McNamee – 4.mar.25/Reuters

“Ele está mentindo”, dizia um dos cartazes empunhado pelos democratas. Ao
longo do discurso, gritos indignados eram ouvidos pelo salão. “Falso”,
alertavam os deputados de oposição.

Enquanto Trump elogiava o homem mais rico do mundo, placas eram
levantadas no local dizendo: “Musk rouba”.

Outra forma de protesto foi usar roupas de cor rosa. Teresa Fernandez,
deputada democrata do Novo México, explicou que a decisão tinha como motivo
“protesto contra políticas de Trump que impactam negativamente mulheres e
famílias”.

Nas lapelas de muitos dos democratas, bandeiras da Ucrânia foram colocadas,
como forma de protestar contra a aproximação de Trump ao presidente russo
Vladimir Putin

Reportagem

Com informação do UOL o texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis

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