Publicado em 27/12/2025
26.dez.2025 – Ex-diretor da PRF Silvinei Vasques é colocado no carro da PF após ser entregue por agentes paraguaios na Ponte da Amizade – Imagem: Reprodução/GloboNews
Do UOL, em Brasília e em São Paulo
Preso após tentativa de fuga no Paraguai, o ex-diretor geral da PRF no governo Bolsonaro, Silvinei Vasques, desembarcou na sede da Polícia Federal em Brasília no início da tarde de hoje.
O que aconteceu
Silvinei Vasques deixou Foz do Iguaçu por volta das 10h20, rumo a Brasília. A aeronave pousou após 2h52 de voo, na frente do hangar da PF. O ex-diretor-geral da PRF vai passar por audiência de custódia na capital e depois disso conhecerá o local onde deve ficar preso. Ele passou a noite na sede da PF em Foz do Iguaçu (PR), para onde foi transferido após detenção no Aeroporto Internacional de Assunção, no Paraguai.
O advogado de Silvinei alega que o Complexo Penitenciário da Papuda não é um local seguro para ele. Anderson Rodrigues de Almeida formalizou hoje um pedido de transferência ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Superior Tribunal Federal) —que ainda não decidiu sobre o caso.
Ex-diretor da PRF foi preso no Paraguai
Vasques foi preso em possível tentativa de fuga, diz a PF. Em 16 de dezembro, o ex-diretor da PRF foi condenado no STF a 24 anos e seis meses de prisão, no contexto do julgamento do núcleo 2 da trama golpista, pelos crimes de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
Alertas foram disparados após a PF identificar falta de sinal GPS na tornozeleira eletrônica, na madrugada do dia de Natal. Às 23h de 25 de dezembro, uma equipe da PF foi ao endereço de Vasques, e não o encontrou. O ministro do STF Alexandre de Moraes foi avisado e decretou a prisão preventiva.
Autoridades paraguaias o detiveram no aeroporto de Assunção. Em nota, a Polícia Nacional do Paraguai informou que prendeu Vasques após receber alerta do Comando Tripartite, um mecanismo de cooperação policial e de inteligência entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Vasques tentava embarcar em um voo com documentos falsificados. O destino final seria El Salvador. As autoridades do Paraguai consultaram a Polícia Federal, que confirmou a identidade de Vasques. O ex-diretor-geral da PRF teria saído de Santa Catarina e ido de carro até a capital paraguaia.
Silvinei já foi condenado, mas os prazos para embargos da defesa ainda não foram concluídos. Por isso, a pena em regime fechado ainda não começou a ser cumprida.
Vasques é o terceiro condenado na trama golpista a tentar fuga. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso no dia 22 de novembro após tentar romper a tornozeleira eletrônica que usava durante a prisão domiciliar. Já o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) conseguiu viajar aos EUA e é considerado como foragido pela Justiça. Ele não fazia uso da tornozeleira.
Por que Vasques foi condenado
Vasques foi condenado a 24 anos e seis meses de prisão por envolvimento em uma trama golpista. De acordo com denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, ele deu ordens ilegais aos policiais da PRF para realização de blitze para dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022, no segundo turno das eleições.
Advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão nega que Vasques atuou para barrar o deslocamento de eleitores do presidente Lula. O defensor disse que o ex-diretor da PRF foi alvo de uma “tempestade midiática” e de notícias falsas nas redes sociais.
Ele chegou a ser preso na Papuda por conta do caso. A prisão foi em agosto de 2023, por determinação de Alexandre de Moraes, ministro do STF. À época, Moraes considerou que, em liberdade, Vasques poderia coagir agentes da PRF a mudar seus depoimentos em relação.
Policial rodoviário ficou preso por um ano. Na ocasião, o ministro condicionou a liberação ao cumprimento de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, suspensão do porte de arma de fogo e proibição de sair do país e usar redes sociais.
Em janeiro, Vasques assumiu secretaria em prefeitura de Santa Catarina. Ele foi escolhido para pasta de Desenvolvimento Econômico e Inovação por Orvino Ávila (PSD), prefeito de São José. Mas deixou o cargo após ser condenado na trama golpista.