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sábado, 26 de abril de 2025
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Policiais que coordenam projetos sociais em escolas de áreas vulneráveis constroem ponte entre educação, PM e população

Atualizada em 26/04/2025 07:51

“Sonho em ser um deles”, planeja a jovem estudante Crislayne da Silva Ribeiro, de 13 anos, que está cursando o oitavo ano na Escola Estadual Dr. Carlos Vasconcelos, em Rio Branco. Ela é um dos estudantes impactados com os programas comunitários da Polícia Militar em pontos específicos de vulnerabilidade, uma forma de aproximar a instituição da comunidade e levar esperança a jovens e crianças que buscam, pela educação, mudar de vida.

Projetos comunitários da PM aproximam população da instituição. Ingrid Kelly/Secom

Os projetos Semeando o Futuro e Guardiões da Paz levam palestras, atividades recreativas e lições de cidadania. Além disso, estreitam o diálogo entre a PM, escola, e a população, refletindo não só no comportamento social dos alunos, mas garantindo o respeito aos direitos humanos e aos princípios de polícia comunitária, como prega a missão da instituição.

Em mais de um século, a PM atua de maneira transversal, garantindo a ordem pública, a segurança das pessoas e o patrimônio público, fazendo valer o lema e o compromisso que os militares assumem ao entrar na corporação: servir e proteger.

Referência em projetos sociais, nos últimos anos, a PM tem agido de forma estratégica, reforçando ações com jovens para alcançar transformação social. Temas mais atuais, como segurança on-line, cyberbullying, respeito, planos, oratória, entre outros, são os principais abordados no projeto Semeando o Futuro.

De acolhido a acolhedor

Já o Guardiões da Paz é mais focado em ordem unida, civismo, patriotismo, liderança, voz ativa, que é uma parte mais prática com os alunos.

“Essa necessidade foi observada porque é uma forma de prevenção. Ao trabalhar com a criança e o adolescente, a gente proporciona perspectiva de futuro e mantemos os jovens longe das ruas e da criminalidade. Faz com que esse serviço seja necessário ao longo do tempo, porque é muito melhor prevenir a doença do que tratá-la”, explica o sargento Walison Borges de Amorim, responsável pelos projetos Semeando Futuro e Guardiões.

Sargento Borges, que um dia foi acolhido por projetos da PM, se tornou militar e hoje integra ações voltadas para a comunidade. Ingrid Kelly/Secom

Segundo ele, a demanda tem crescido bastante nos últimos anos e a união entre PM, escola e comunidade tem dado bons resultados.

“Já levamos crianças de uma comunidade carente para conhecer um helicóptero e até nisso a gente pensa, em expandir a perspectiva da criança e do adolescente. Importante também porque é uma parceria continuada. O que a gente pode fazer pela escola, que está ao nosso alcance, nós fazemos”, garante.

Dentro das escolas, as principais armas usadas pela PM são a compreensão, aproximação, exigindo também do jovem respeito e o despertando para a realidade. Nas palestras, os policiais falam sobre comportamentos, contravenções e motivam os alunos a sonharem.

Para o sargento Borges, que já foi aluno de um projeto da PM, hoje ele é instrumento para que outros jovens possam realizar seus sonhos. “Um dia eu fui acolhido e hoje ajudo esses jovens a trilharem seus caminhos.”

PM nas escolas garante o cumprimento do papel social da instituição. Ingrid Kelly/Secom

Polícia Militar para somar

Pregam também a meritocracia, pois só participam das atividades aqueles alunos que estão com boas notas e bom comportamento. A rigidez exigida no cumprimento dos deveres não exclui uma parceria com a juventude, o que garante que os policiais sejam vistos como alguém para confiar angústias e dividir sentimentos.

O sargento Eric David Aguiar, que também integra o projeto comunitário no Segundo Distrito, fala dessa relação:

“Nosso maior desafio é romper essa barreira que é criada, muitas vezes, entre a comunidade e a PM. No decorrer das aulas, das palestras, eles conseguem ver que a gente não é só aquela polícia que está ali fora fazendo ostensivo e passam a entender que temos família, que sabemos brincar, descontrair e cativar para que sigam ao nosso lado e a gente consiga desenvolver o projeto da melhor forma”, pontua.

Palestras orientam e abordam temas da atualidade, estreitando diálogo com os jovens. Ingrid Kelly/Secom

Uma missão humanitária que ultrapassa os muros da escola e chega na casa de cada aluno que passa a ter esse contato com a PM.

“O projeto não alcança somente os alunos e os funcionários da escola, mas também convida a família, os pais dos alunos a trabalharem junto com a gente e ver de uma forma mais singular que a polícia está ali realmente para somar, não só na parte de proteção e Segurança Pública, mas também na parte social e educacional.”

Polícia Militar tem ajudado a somar na educação dos jovens acreanos.  Foto: Ingrid Kelly/Secom

Experiência única

Dar condição para que os jovens possam sonhar. Crislayne da Silva Ribeiro, por exemplo, torce para que um dia, através do projeto, ela possa conhecer o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Aos 13 anos, ela já tem um sonho bem específico; ser tenente na instituição que hoje a acolhe.

“Meu sonho é conhecer os policiais e ver de perto como eles agem, porque só vi por vídeo e quero ser um deles um dia”, sonha.

Uma das mudanças mais expressivas para ela ao participar do programa Guardiões da Paz foi sua postura, hoje ela acredita que consegue se impor mais.

“Antes eu tinha muita timidez, mas hoje eu conheço os comandos e já consegui nas atividades ter uma voz mais ativa e ser ouvida”, avalia.

Aos 12 anos e estudando no sétimo ano B, Kalebe Santiago, avalia que, por meio da PM, conseguiu ter uma experiência única.

“Uma coisa que acho muito interessante no Guardiões da Paz é que eles deixam a gente o mais confortável possível. É excelente, porque ensina a gente a aprender e se dedicar naquilo que a gente quer. A principal mudança em mim foi no comportamento porque fiquei mais focado nos estudos”, reconhece.

Este ano ele pretende participar mais uma vez do projeto e já traçou uma meta: quer conhecer o helicóptero da Segurança Pública.

Kalebe sonha em um dia conhecer e andar de helicóptero. Ingrid Kelly/Secom

Mão amiga da escola

Para Vânia Azevedo, diretora da escola Dr. Carlos Vasconcelos, a presença da PM nas escolas públicas é fundamental na formação dos estudantes.

“Como escola integral, a gente tem o papel de formar nossos estudantes por completo, e essa parceria traz também uma formação de respeito, ajudando na mudança comportamental escolar, dentro e fora da sala de aula, com relação ao respeito e organização”, acrescenta.

A recepção dos pais também é um dos pontos mais marcantes, segundo a gestora.

“Todos os pais abraçaram esse projeto, assim como a escola também abraçou. E foi muito importante, eles deram credibilidade e viram, que também é uma peça importante para a mudança e formação dos estudantes”, acrescenta.

Trabalhando na escola há 13 anos, Síria da Silva, coordenadora de ensino, já viu algumas histórias sendo mudadas com essa iniciativa.

Escola anda de mão dada com a PM e reconhece avanços comportamentais com projetos em áreas de vulnerabilidade. Ingrid Kelly/Secom

“A gente consegue visualizar neles o respeito, ética e identificar os alunos que sobressaem. É possível ver a diferença, tanto na vida deles como na vida dos colegas também. Eles perdem a inibição para falar em público e tem melhorado bastante a comunicação”, reforça.

Para o tenente-coronel Felipe Russo, comandante do Segundo Batalhão, que tem auxiliado no desenvolvimento do projeto no Segundo Distrito, a PMAC tem importante atuação no futuro da sociedade acreana.

“O nosso futuro é construído no presente. O projeto Guardiões da Paz mostra para as crianças que elas podem mudar o seu futuro e ser aquilo que sonham, inclusive policiais militares. Além disso, por meio das atividades elaboradas por cada militar aqui presente, as crianças não serão induzidas a ingressar na criminalidade”, enfatizou.

[Agência de Notícias do Acre]

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