Atualizada em 14/12/2024 07:50
16.ago.2021 - Walter Braga Netto, então ministro da Defesa, durante exercícios militares em Goiás Imagem: Evaristo Sá/AFP
A Polícia Federal prendeu na manhã de hoje (14) o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa (março de 2021 a abril de 2022) e ex-candidato a vice de Jair Bolsonaro na chapa de 2022.
O que aconteceu
Braga Netto é alvo do inquérito que investiga o plano de golpe de Estado. A PF também faz buscas na casa do ex-ministro, no Rio de Janeiro. Os mandados de prisão preventiva e busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Ele foi preso em Copacabana, no Rio, e ficará sob custódia do Exército, em Brasília. A PF também cumpre dois mandados de busca e apreensão e uma medida cautelar contra “indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas.
Militar estava viajando. A PF cumpriu o mandado neste sábado, pois Braga Netto chegou de viagem na noite de sexta-feira (13). A Lei de Abuso de Autoridade prevê uma pena de detenção, de 1 a 4 anos, e multa a quem “cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h”.
O general da reserva é um dos personagens mais mencionados no relatório de 884 páginas da Operação Contragolpe, sendo citado 98 vezes. A investigação resultou no indiciamento de Braga Netto, do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 35 acusados.
Braga Netto pode ser condenado a pelo menos 30 anos de prisão. Ele é acusado por três crimes: tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Assessor de Braga Netto, o coronel Peregrino, que guardou plano “Lula não sobe a rampa” também é alvo. Agentes cumprem mandado de busca e apreensão na casa do coronel Peregrino em Brasília. No mês passado, a PF apreendeu o documento golpista na mesa dele, na sede do Partido Liberal, dentro de uma pasta denominada “memórias importantes”.
Investigação aponta Braga Netto como chefe do grupo que planejou a intervenção militar. Ele teria aprovado e financiado um plano para matar o presidente Lula (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Moraes.
Braga Netto foi ministro de Jair Bolsonaro, que seria o beneficiário final do golpe. O militar também concorreu a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022 e era apontado com um dos aliados mais fiéis.
Advogados do general negam que ele tenha coordenado uma tentativa de golpe. Em nota divulgada na semana passada, a defesa diz que Braga Netto não tratou de um suposto golpe e “muito menos do planejamento para assassinar alguém”.
O UOL tenta contato com a defesa de Braga Netto. O texto será atualizado quando houver retorno.
Os indiciados no governo
Dos 37 indiciados, 28 eram ligados à gestão Bolsonaro
Braga Netto foi preso após delação de Cid
PF descobriu que golpistas se reuniram na casa de Braga Netto, em 12 de novembro de 2022. Após o encontro, começou a circular entre os investigados um documento intitulado Copa 2022, que teria sido aprovado durante o encontro para avalizar a atuação do grupo de elite do Exército (kids pretos) para cumprir o plano golpista. O documento indicava as necessidades iniciais de logística e recursos para custear a operação clandestina.
Mauro Cid disse à PF que Braga Netto entregou dinheiro vivo a militares das Forças Especiais, os chamados kids pretos. O montante seria usado para financiar o suposto plano de golpe após a vitória de Lula na eleição presidencial.
Dinheiro foi entregue em embalagens de vinho para o plano “Copa 2022”. Segundo a investigação da PF, o plano incluía o monitoramento do ministro Moraes e a possibilidade de matar o magistrado, o presidente Lula e o vice Alckmin. Segundo estimativas de Cid e do major Rafael de Oliveira, o plano golpista custaria R$ 100 mil.
Em uma das mensagens encontradas nos celulares dos investigados, foi sugerida a quantia de R$ 100 mil para viabilizar a operação, que não chegou a ser realizada. Também foi cogitada a utilização de efetivo militar lotado no Rio de Janeiro. A sede dos kids pretos é em Goiânia.
Outro plano apreendido pela PF colocava Braga Netto no comando de um eventual governo provisório. O documento encontrado com o general da reserva Mario Fernandes, que chegou a ser ministro interino, elencava nomes de um “gabinete de gestão da crise” que assumiria o país depois do golpe. Segundo o plano, esse gabinete seria comandado por Braga Netto e pelo general Augusto Heleno, então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que também foi indiciado.
*Com informações do UOL