Um estudo conduzido por pesquisadores do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Acre (Ufac) resultou no registro de novas espécies de carrapatos na região da Amazônia Ocidental brasileira. A pesquisa, publicada na renomada revista científica Acta Tropica, também trouxe descobertas relevantes sobre infecções por bactérias do gênero Rickettsia e apresentou as primeiras evidências moleculares da presença da espécie Amblyomma crassum em território brasileiro.
O trabalho foi desenvolvido pelos pesquisadores Simone Delgado Tojal e Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti, entre os anos de 2018 e 2022. As coletas de amostras foram realizadas em diferentes municípios do Acre, envolvendo habitats naturais e hospedeiros como anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Entre os principais achados da pesquisa está a identificação de Amblyomma crassum no Brasil, espécie que, até então, havia sido registrada apenas na Colômbia. Outro destaque é o primeiro registro no estado do Acre do gênero Haemaphysalis e da espécie Haemaphysalis juxtakochi.
Com esses novos dados, o número de espécies de carrapatos conhecidas no Acre chega a 26, o que representa cerca de 48% de todas as espécies descritas no Brasil. Segundo o artigo, trata-se de uma representatividade significativa, considerando que o estado ocupa menos de 2% do território nacional.
O estudo também investigou a relação ecológica entre carrapatos e aves, além de testar amostras para a presença de Rickettsia, bactéria responsável por doenças como a febre maculosa. Os resultados apontam para conexões inéditas entre espécies de parasitas e hospedeiros.
A pesquisadora Simone Tojal destacou o caráter multidisciplinar do trabalho e a relevância das descobertas para a saúde pública e ambiental. “Encontramos relações nunca antes descritas entre carrapatos e aves. Estudos como este exigem a colaboração de profissionais de diversas áreas, com foco na saúde animal, ambiental e humana”, afirmou.
Dionatas Meneguetti, coautor do estudo, reforçou a importância da continuidade dessas pesquisas. “Investigar os carrapatos da nossa região é essencial para a vigilância epidemiológica e para prevenir a transmissão de doenças. Precisamos ampliar os estudos para outras áreas do Acre, que ainda não possuem dados consolidados sobre a fauna de parasitas”, concluiu.

