Atualizada em 12/05/2025 10:18
Carlo Ancelotti, 65, é o novo técnico da seleção brasileira. Após idas e vindas em uma negociação que se arrastou por mais de dois anos, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou a contratação do italiano na manhã desta segunda-feira (12).
A confirmação se deu antes mesmo do anúncio da saída do treinador do Real Madrid —que perdeu clássico para o Barcelona, no domingo (11), resultado que praticamente definiu o Campeonato Espanhol. O profissional concederá uma entrevista nesta terça (13), na qual dará os detalhes de sua despedida do clube branco.
A seleção brasileira, que estava sem técnico desde a saída de Dorival Júnior, em 28 de março, voltará a ser dirigida por um estrangeiro após 60 anos. Já estiveram à frente do time nacional o uruguaio Ramón Platero (1925), o português Joreca (1944) e o argentino Filpo Núñez (1965).
Para contar com o experiente técnico no final das Eliminatórias e, sobretudo, na disputa da Copa do Mundo de 2026, a CBF topou oferecer um salário de R$ 60 milhões anuais —R$ 5 milhões por mês, bem próximo do que ele ganha atualmente no Real Madrid—, quase do dobro do que recebia Tite, comandante do Brasil nos Mundiais de 2018 e 2022.
Isso deve posicionar Ancelotti, aos 65 anos, como o profissional mais bem pago entre aqueles que comandam seleções. Atualmente, o maior salário pertence ao alemão Thomas Tuchel, que fatura R$ 3,1 milhões por mês para comandar a Inglaterra. O argentino Mauricio Pochettino aparece em segundo na lista, com R$ 2,8 milhões mensais à frente da equipe dos Estados Unidos. Os vencimentos dos dois foram revelados pelos jornais The Sun e The Athletic.
É prevista, ainda, uma cláusula de aumento automático de 20% em sua remuneração caso a seleção seja semifinalista do próximo Mundial.
Na visão dos dirigentes da CBF, Ancelotti reúne qualidades que aproximam seu perfil ao de um CEO de alto desempenho: exerce liderança com discrição e autoridade, sabe gerir talentos com inteligência emocional e promove estabilidade em seu grupo de trabalho mesmo sob alta pressão.
Seu currículo possui feitos como ser o único técnico com cinco títulos da Champions League, duas pelo Milan e três pelo Real Madrid. Conquistou troféus nacionais nas cinco principais ligas da Europa –Itália (Milan), Inglaterra (Chelsea), França (Paris Saint-Germain), Alemanha (Bayern) e Espanha (Real Madrid)– e soma mais de 25 taças, incluindo copas nacionais e supercopas.
O italiano é reconhecidamente um profissional capaz de extrair o potencial máximo de seus atletas, com uma abordagem que combina gestão de elenco e adaptações no desenho do time. Ele não é do tipo que tem apego a esquemas táticos. Em vez disso, dá confiança para seus atletas e busca adaptar suas ideias ao estilo de jogo dos comandados.
Sob seu comando, quatro jogadores alcançaram a Bola de Ouro: o ucraniano Shevchenko (2004, Milan), o brasileiro Kaká (2007, Milan), o português Cristiano Ronaldo (2014, Real Madrid) e o francês Benzema (2022, Real Madrid).
Muito mais do que problemas dentro de campo —com sucessivos fracassos nas últimas Copas do Mundo desde sua já distante última conquista, em 2002, além de uma fraca campanha nas Eliminatórias para o Mundial de 2026 (ocupa a quarta posição, a dez pontos da líder Argentina)—, a seleção sofre com a gestão caótica da CBF.
Idas e vindas
Ancelotti é o quinto técnico da seleção no período de Ednaldo Rodrigues à frente da CBF. Os outros foram Tite, que deixou o comando do time após a Copa de 2022, Ramon Menezes e Fernando Diniz, interinos, e Dorival Júnior.
Diniz assumiu a equipe em um suposto projeto de transição para Ancelotti, que em 2023 teria concordado em assumir o selecionado brasileiro a partir de 2024 —o que não ocorreu.
Naquele período, Ednaldo foi temporariamente afastado de seu posto na Justiça, e o italiano renovou com o Real. Então, Dorival foi contratado.
Quando Dorival foi demitido, em 28 de março, Ednaldo voltou a procurar Ancelotti, que vivia fase ruim na Espanha. Com a vontade do time merengue de demiti-lo para a chegada de Xabi Alonso, um acordo parecia encaminhado.
Faltava superar a concorrência de clubes da Arábia Saudita, que acenavam com ofertas polpudas. Ednaldo, então, subiu a sua proposta e fechou acordo com o italiano.
[Folha Uol]