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IPCA-15 é o maior para fevereiro desde 2016, mas sobe menos do que o esperado

Publicado em 25/02/2025

Pressionada pela alta de 16,33% na conta de luz, a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acelerou a 1,23% em fevereiro, apontam dados divulgados nesta terça (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado veio após variação de 0,11% em janeiro.

A taxa de 1,23% é a maior para meses de fevereiro desde 2016, quando o avanço havia sido de 1,42%.

O IPCA-15, contudo, ficou abaixo do esperado pelo mercado financeiro. A mediana das projeções de analistas estava em 1,36%, segundo pesquisa da agência Bloomberg.

Com os dados de fevereiro, o IPCA-15 passou a acumular alta de 4,96% em 12 meses. É um patamar acima do teto da meta de inflação para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025 (4,5%). Nesse recorte, a variação era justamente de 4,5% até janeiro.

Na ocasião, o IPCA-15 teve alívio com o desconto temporário nas contas de luz em razão do bônus de Itaipu. A medida entrou em vigor em janeiro devido a um atraso na conclusão do processo. A taxa de 0,11% foi a menor para o primeiro mês do ano desde o início do Plano Real.

Com a reversão do bônus em fevereiro, o aumento do ICMS de combustíveis e os reajustes sazonais das mensalidades escolares, os economistas passaram a projetar a aceleração do IPCA-15 neste mês

Apesar de o índice ter subido menos do que o esperado, o quadro ainda é ruim em termos qualitativos, com desafios para a condução da política monetária do BC (Banco Central), avalia o economista Igor Cadilhac, do PicPay.

“Mantemos nossa expectativa de que o Copom eleve a Selic para 15%, patamar no qual deve permanecer até o fim do ano”, diz.

Conforme o economista, a principal surpresa do IPCA-15 veio das passagens aéreas, que caíram 20,42% em fevereiro. A baixa foi maior do que a esperada (-15%). Além disso, aponta Cadilhac, a alimentação no domicílio subiu 0,63%, abaixo da projeção (0,91%).

Relatório do Itaú traz avaliação semelhante.

“O dado divulgado hoje [terça] veio abaixo das expectativas, com surpresa concentrada em passagens aéreas […]. Em relação aos núcleos, por outro lado, os serviços subjacentes [com preços menos voláteis] vieram em linha com nossa expectativa e seguem indicando um qualitativo ruim para a inflação”, diz a publicação, assinada pela economista Luciana Rabelo.

Conta de luz puxa resultado

Segundo o IBGE, a alta de 16,33% na energia elétrica residencial ocorreu após queda de 15,46% em janeiro. Com o novo resultado, a conta de luz exerceu a maior pressão individual sobre o IPCA-15 (0,54 ponto percentual).

Na sequência, veio o impacto do reajuste de 7,5% nas mensalidades do ensino fundamental (0,12 ponto percentual). A gasolina, por sua vez, subiu 1,71%, gerando a terceira maior pressão sobre o índice (0,09 ponto percentual).

Quando a análise considera os nove grupos de bens e serviços pesquisados, habitação (4,34%) teve o principal impacto (0,63 ponto percentual). O resultado reflete principalmente o avanço dos preços da energia. O grupo educação, por sua vez, teve a maior variação (4,78%).

Alimentos sobem menos

Em alimentação e bebidas, a alta dos preços foi de 0,61% em fevereiro, abaixo da registrada em janeiro (1,06%). O ramo, porém, ainda mostra a maior inflação acumulada entre os nove grupos em 12 meses: 7,12%.

No índice mensal de fevereiro, o IBGE destacou os aumentos da cenoura (17,62%) e do café moído (11,63%). O ovo de galinha, por sua vez, subiu 2,56%.

Por outro lado, o instituto apontou quedas na batata-inglesa (-8,17%), no arroz (-1,49%) e nas frutas (-1,18%).

A carestia da comida traz dor de cabeça para o governo Lula (PT). A situação é apontada como uma das razões para a perda de popularidade do presidente.

Nos últimos meses, a inflação dos alimentos foi pressionada por fatores como problemas climáticos e valorização do dólar.

IPCA-15 e IPCA

Por ser divulgado antes, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços no IPCA, o indicador oficial de inflação do Brasil. A metodologia de cálculo dos dois é a mesma, mas há diferenças como o período da coleta dos preços.

No IPCA-15, o levantamento das informações ocorre entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência. No caso do índice de fevereiro, o trabalho foi de 15 de janeiro a 12 de fevereiro.

Já a coleta de preços do IPCA se concentra no mês de referência da pesquisa. Em outras palavras, contempla o “mês cheio”. Assim, o resultado de fevereiro ainda não é conhecido. Será publicado em 12 de março.

O IPCA serve de referência para o regime de metas de inflação perseguido pelo BC.

Na mediana, as previsões do mercado apontam alta de 5,65% para o índice oficial ao fim de 2025, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo BC na segunda (24).

A estimativa subiu pela 19ª semana consecutiva, distanciando-se do teto da meta de inflação deste ano, que é de 4,5%

Em 2025, o BC passa a perseguir o alvo de maneira contínua, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro).

No novo modelo, a meta será considerada descumprida quando a variação acumulada pelo IPCA permanecer por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro do alvo é 3%.

 

[Folha Uol]

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