30.3 C
Rio Branco
sábado, 19 de abril de 2025
O RIO BRANCO
Mundo

General golpista na Bolívia é preso e acusa presidente de ter preparado autogolpe

Atualizada em 27/06/2024 10:58

O general golpista Juan José Zúñiga foi preso nesta quarta-feira (26) depois de liderar uma tentativa de golpe de Estado na Bolívia contra o presidente Luis Arce. Falando com jornalistas durante a prisão, ele disse que agiu a mando de Arce, que teria tentado um autogolpe.

Zúñiga cercou o palácio presidencial por horas com tropas e veículos blindados e disse durante o cerco que estava lá para “expressar seu descontentamento” e que precisava haver uma troca ministerial. Ele também afirmou que soltaria “prisioneiros políticos”, incluindo a ex-presidente Jeanine Áñez, condenada a dez anos de prisão em junho de 2022 por ter organizado um golpe de estado contra Evo Morales em 2019.

O general golpista chegou a se encontrar com Arce, que ordenou que o militar se retirasse, demitiu os chefes das Forças Armadas e nomeou seus substitutos. O novo comandante do Exército reiterou a ordem, e as tropas esvaziaram a praça.

O general Zúñiga foi destituído do cargo de comandante do Exército na última terça-feira (25) por Arce depois de fazer uma série de ameaças contra o ex-presidente Evo Morales. Evo e Arce, antigos aliados, são hoje rivais políticos e devem se enfrentar nas urnas em 2025.

Em uma entrevista na segunda-feira (24), o militar disse que Evo “não pode mais ser presidente desse país”. “Caso cheguemos a isso”, continuou, “não permitirei que ele pisoteie a Constituição, que desobedeça o mandato do povo”. Afirmou ainda que “as Forças Armadas são o braço armado do povo, o braço armado da pátria”.

Evo respondeu que ameaças desse tipo não têm precedente na democracia e pressionou o governo Arce, dizendo que se a fala não fosse desautorizada pelo presidente e pelo ministro da Defesa, “estará comprovado que na verdade estão autorizando um autogolpe”. Zúñiga foi removido do comando do Exército no dia seguinte.De acordo com o jornal boliviano El Deber, Zúñiga disse ao ser preso que conversou com Arce no último domingo (23), antes da tentativa de golpe. “O presidente me disse que a situação está muito crítica, que era preciso algo para levantar sua popularidade.” O general teria então perguntado ao presidente: “colocamos os blindados na rua?”, ao que Arce teria dito: “coloque”.

Zúñiga não apresentou evidências para sustentar a afirmação, e foi levado por policiais do Ministério de Segurança antes de continuar a fala. O presidente ainda não se manifestou sobre as acusações do militar, mas seu ministro da Justiça, Ivan Lima Magne, disse que o general mente e “busca justificar uma decisão que é sua e pela qual prestará contas à Justiça”.

Magne detalhou a ação penal contra Zúñiga, dizendo que “a democracia enfrenta um soldado traidor”, e que o Ministério Público da Bolívia buscará a pena máxima de 15 a 20 anos de prisão para o militar pelos crimes de atentado à democracia e à Constituição.

Depois que a polícia já havia recuperado controle da Praça Murillo, Arce disse a apoiadores reunidos no local que “ninguém pode nos tirar a democracia que conquistamos”. “Faremos respeitar a democracia conquistada com o voto nas urnas”, prometeu o presidente na varanda do palácio presidencial.

Arce se dirigiu a apoiadores reunidos na praça ao lado do vice-presidente, David Choquehuanca, que elogiou “a valentia de nosso presidente quando havia um tanque na porta do palácio”. Os bolivianos responderam cantando em coro o hino nacional. Bolivianos presentes no local gritavam palavras de ordem a favor da democracia e contra a tentativa de golpe.

 

[Folha Uol]

Artigos Relacionados

Donald Trump sofre atentado em comício, na Pensilvânia

Marcio Nunes

EUA pedem relação detalhada de votos, e maioria dos países questiona resultado na Venezuela

Jamile Romano

OMS alerta para aumento de casos de sarampo no mundo

Jamile Romano

Jamile Romano

Federação Francesa denunciará cantos racistas de jogadores argentinos à Fifa

Jamile Romano

Biden discute apoio a ataque às instalações petrolíferas iranianas

Marcio Nunes