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Frente ruralista fala em atos isolados e defende apuração sobre ‘pessoal do agro’ de trama golpista

Atualizada em 15/12/2024 16:29
General Braga Netto durante evento de campanha em Brasília, junto com Jair Bolsonaro (PL), de quem foi vice nas eleições de 2022. - Pedro Ladeira - 5.mai.22/Folhapress

Mauro Cid disse ao STF que Braga Netto teria conseguido dinheiro com pessoas do setor

Brasília

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne 340 deputados federais e senadores, defendeu neste domingo (15) uma investigação conduzida com urgência e rigor a respeito da suspeita de que o “pessoal do agronegócio” tenha financiado uma tentativa de golpe em 2022.

O grupo afirmou ainda que “ações isoladas” não podem comprometer a imagem do setor.

Em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) em 21 de novembro, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mencionou a entrega por Braga Netto de dinheiro obtido “junto ao pessoal do agronegócio”.

A declaração aparece na decisão sobre a prisão preventiva do general, realizada no sábado (14).

Não há detalhes nas investigações sobre a origem exata dos recursos que teriam sido disponibilizados pelo general. O dinheiro em espécie, segundo Cid, foi entregue a um militar investigado em uma sacola de vinho.

À Folha a frente parlamentar que representa os interesses do setor agropecuário, fiadora da bancada ruralista no Congresso, defendeu que “os responsáveis sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos”.

A frente chamou o suposto financiamento de ações isoladas.

“É inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país”, defendeu, cobrando que as investigações sejam conduzidas “de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição Federal”.

A reportagem também procurou a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), que não responderam ao pedido de comentário até a publicação deste texto.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou a prisão de Braga Netto relata que o militar providenciou recursos para o plano de matar, em 2022, o presidente eleito, Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o próprio Moraes.

Segundo a decisão de Moraes deste sábado, esse depoimento de Cid, de 21 de novembro, e documentos obtidos na investigação indicam que “foi Walter Braga Netto quem obteve e entregou os recursos necessários para a organização e execução da operação ‘Punhal Verde e Amarelo’ —evento ‘Copa 2022′”.

O Plano Punhal Verde Amarelo previa matar as autoridades. O “evento Copa 2022” era a operação para sequestrar Moraes no dia 15 de dezembro de 2022, de acordo com a PF.

O documento do Supremo diz que o tenente-coronel Rafael de Oliveira se encontrou com Braga Netto e, na ocasião, o general teria entregado a Oliveira dinheiro em espécie, guardado em uma sacola de vinho, para a “realização da operação”.

Os valores, ainda segundo a delação de Cid, teriam sido obtidos com o “pessoal do agronegócio”.

A participação de setores do agronegócio foi relevante nos atos antidemocráticos em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, onde apoiadores de Bolsonaro pediam a intervenção das Forças Armadas contra o resultado das eleições que deram a vitória a Lula (PT). Foi desse acampamento que saíram os golpistas que depredaram a sede dos três poderes em 8 de janeiro de 2023.

Como mostrou a Folha, ainda em novembro de 2022, parte dos caminhões estacionados em frente ao quartel-general era de empresas do setor. Doze veículos exibiam o nome da Agritex, revendedora de maquinários, peças e equipamentos agrícolas que atua em sete cidades. A empresa depois foi uma das dez companhias com contas bloqueadas por financiar os atos golpistas.

Caminhoneiros afirmaram reservadamente à reportagem, durante os atos, terem ido à capital federal por decisão dos patrões, e que foram orientados a permanecer na cidade até segunda ordem. Funcionários de uma das empresas disseram que o patrão autorizou o grupo a ajudar financeiramente outros manifestantes acampados.

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) identificou que 272 caminhões entraram em Brasília a partir de novembro para participar das manifestações.

Metade dos veículos, aproximadamente, pertencia a empresas, segundo o relatório enviado à CPMI do 8 de Janeiro. A maior parte da frota restante era nova ou seminova e registrada no nome de pessoas físicas com participação societária em empresas de médio porte do setor agropecuário.

A Sipal Indústria e Comércio, de Paranaguá (PR), tinha dez veículos, maior número identificado pela Abin como de uma mesma empresa. O relatório também identificou que um empresário, Alexandro Lermen, era dono de sete caminhões que participaram dos atos golpistas. Eles também tiveram contas bloqueadas.

Na ocasião, as empresas e o empresário citados não responderam.

Outro empresário que teve contas bloqueadas pelo STF, acusado de financiar os protestos antidemocráticos em frente de quartéis, Argino Bedin foi convocado para prestar depoimentos à CPI do 8 de Janeiro, mas, a partir de um Habeas Corpus do Supremo, não respondeu perguntas.

Ele chegou a chorar diante de deputados e senadores e recebeu um abraço da senadora Tereza Cristina (Progressistas-MS), ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro. Argino foi confortado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra do mesmo governo.

*Com informações da Folha UOL

 

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