Publicado em 10/12/2025
Estudantes da Universidade Amazônica de Pando (UAP), em Cobija, bloquearam na manhã desta terça-feira (9) a Ponte Internacional — principal via de ligação entre o Acre e a Bolívia — em protesto contra o aumento considerado abusivo nos valores de documentos acadêmicos. Segundo os universitários, alguns serviços tiveram reajustes que ultrapassam 140%.
O bloqueio interrompeu temporariamente o tráfego de veículos entre os dois países, afetando comerciantes, trabalhadores e moradores que dependem da travessia diária. A passagem de pedestres permaneceu liberada, com auxílio dos próprios manifestantes.
“Aumentou de uma semana para outra”, relatam estudantes
Uma acadêmica de medicina informou que os alunos começaram a perceber os aumentos em julho, sem qualquer aviso prévio da instituição. Documentos que antes custavam entre 14 e 180 bolivianos passaram a valer até 33 mil e 500 bolivianos, a depender do procedimento.
“Um documento que era 180 bolivianos passou para 500. Uma turma pagou 14 mil em um documento e, na semana seguinte, os que foram pagar tiveram que desembolsar 33 mil. Foi assim que vimos que algo estava errado”, contou.
Segundo ela, os reajustes afetam principalmente estudantes estrangeiros — a maioria brasileiros — enquanto os valores cobrados para alunos bolivianos não sofreram mudança semelhante.
Reclamações ignoradas e tentativa frustrada de diálogo
Diante da falta de comunicação oficial, os estudantes se mobilizaram, reuniram acadêmicos de diferentes cursos e contrataram uma advogada boliviana para representá-los. Eles também buscaram apoio do consulado brasileiro e de autoridades municipais do Acre.
A justificativa apresentada pelo reitor e vice-reitor, segundo os estudantes, seria a variação do dólar, calculada com base em valores paralelos praticados por cambistas locais — e não na cotação oficial.
Mesmo com documentos e comparativos apresentados, o representante dos estudantes recebeu a confirmação, durante reunião nesta terça-feira, de que a universidade não pretende reduzir os valores. Ainda segundo o relato, a UAP afirmou que os preços devem aumentar ainda mais em 2026.
Manifestação deve continuar
Com a negativa, os estudantes decidiram iniciar o bloqueio da Ponte Internacional. Eles afirmam que o protesto será mantido de forma pacífica, com revezamento entre os participantes.
“Muitos aqui vêm de famílias simples, que economizaram anos para que os filhos estudassem medicina. Agora, ninguém sabe como vai pagar esses valores. Tem gente que precisa ir para o internato e não consegue, porque o preço triplicou”, disse a acadêmica.
Autoridades brasileiras acompanham o caso
O vice-prefeito de Epitaciolândia, Sérgio Mesquita, vereadores do município e agentes da Polícia Federal estiveram no local para acompanhar a situação e oferecer apoio institucional aos estudantes.
Novas informações poderão ser atualizadas a qualquer momento.



