Atualizada em 14/09/2024 07:55

A descoberta de um esquema de coleta de dados pessoais do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi feita a partir de uma investigação sobre tentativa de suborno e ameaça de morte a uma delegada federal, Denisse Ribeiro, a partir de um email anônimo criptografado.
Ela comandou a Operação Acrônimo, deflagrada em 2015. Durante um desdobramento em 2016, a PF suspeitava de fraude em campanhas eleitorais e cumpriu busca e apreensão na construtora JHSF. Os agentes encontraram documentos que indicavam o pagamento de R$ 4 milhões entre 2010 e 2014 para um escritório de advocacia ligado a Moraes.
O caso foi arquivado, mas a investigação da PF sobre as ameaças a Moraes e a delegados identificou que um dos sócios da construtora teve seus dados devassados pelo menos duas vezes neste ano, pouco tempo antes de os emails com as informações sobre ele serem enviados à delegada.

As informações sobre o pagamento ao escritório são públicas e foram noticiadas na época. Em 2024, um email anônimo assinado por Tacitus usou esses dados para tentar subornar a delegada Denisse, em um esquema de exposição e intimidação de agentes federais que trabalham em investigações conduzidas por Moraes. A campanha contra os agentes foi organizada pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos desde 2020.
Em 7 de março de 2024, o blogueiro anunciou que pagaria U$ 5 milhões “para qualquer prova substancial do envolvimento de Moraes na Operação Acrônimo”.
A situação vinha sendo monitorada pela inteligência da PF, que, no dia 18, instaurou inquérito para investigar o “Projeto Exposed”, que visava expor os agentes federais. Em 12 de abril, a agência Lupa analisou um vídeo que circulava em redes sociais associando Moraes a fraudes em campanhas eleitorais — se tratava de uma notícia sobre o caso de 2016, sem o contexto.
Nesta semana, o UOL revelou detalhes de um esquema de intimidação de delegados federais que atuam em casos do ministro. A estratégia contou com o acesso irregular em massa de dados pessoais dos envolvidos.
A exposição dos agentes envolveu ameaças veladas na porta de casa, coação virtual e vazamento de fotos —incluindo de crianças—, entre outros. As informações constam de um relatório da Polícia Federal utilizado para embasar a decisão do ministro em suspender a plataforma X no Brasil, em agosto.
Com informações UOL