Proprietários descobriram que carros e motos estavam sendo revendidos ou usados como garantia de dívidas; Polícia Civil investiga o caso
Uma empresa que se apresentava como locadora de veículos e prestadora de serviços de instalação de sistemas de segurança, monitoramento e antenas de internet — semelhantes aos equipamentos utilizados pela Starlink — provocou um prejuízo que já atinge aproximadamente 30 moradores de Cruzeiro do Sul e cidades próximas. O suposto esquema foi revelado após vários proprietários perceberem atrasos nos pagamentos e descobrirem que seus veículos estavam sendo vendidos ou usados como garantia de empréstimos.
Segundo as vítimas, toda a negociação na região era intermediada por uma mulher identificada como Eliane, que firmava contratos prometendo retorno financeiro mensal pela locação de carros e motocicletas. Alguns proprietários receberam pelos dois primeiros meses, mas boa parte nunca chegou a receber nada — sobretudo quem entregou os veículos mais recentemente.
A promessa de lucro rápido atraiu dezenas de pessoas, levando alguns a adquirir até cinco veículos exclusivamente para repassá-los à empresa. O contrato mencionava que os automóveis seriam guardados em um depósito em Cruzeiro do Sul, aberto à visitação dos donos. No entanto, o endereço nunca foi informado. Com o tempo, descobriu-se que o depósito sequer existia.
Com pagamentos atrasados, reuniões desmarcadas e falta de respostas da representante, os proprietários passaram a desconfiar de golpe. Eles registraram boletim de ocorrência e iniciaram a busca pelos veículos por conta própria.
Durante essa investigação informal, encontraram carros e motos espalhados por diversos pontos da cidade: estacionados nas ruas, guardados em residências e até vendidos a terceiros, que alegavam tê-los comprado ou recebido como garantia de dívidas. Em alguns anúncios de redes sociais, veículos das vítimas já estavam sendo oferecidos para venda.
O motorista Iraldo da Silva Lima, de 46 anos, alugou uma moto à empresa e relata que os problemas foram imediatos:
— No primeiro pagamento já não pagaram. Sempre davam datas e nunca cumpriam, contou. Ele afirma ainda que jamais conseguiu acessar o depósito prometido. “Tinha veículo sendo anunciado no Facebook e outros estavam empenhados. Quando o pessoal foi atrás do galpão, não encontraram nada. Nunca existiu.”
A maior parte dos veículos foi localizada na noite de terça-feira, de acordo com relatos das próprias vítimas. Apenas dois ainda estavam desaparecidos até o momento do registro do boletim.
As vítimas prestaram depoimento à Polícia Civil na manhã seguinte. A representante Eliane também compareceu à delegacia e afirmou ser, ela mesma, vítima da suposta empresa para a qual dizia trabalhar. A polícia agora investiga a versão apresentada e busca identificar todos os envolvidos.
O caso segue em apuração, e novos desdobramentos devem surgir conforme o andamento da investigação.


