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quarta-feira, 26 de novembro de 2025
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Educação garante atendimento domiciliar a estudante com diabetes no Acre

Senhora Marinez Moura relata a descoberta do diagnóstico. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Há cerca de dois anos, a vida da estudante da rede estadual do Acre, Lucimara Moura, mudou completamente. Ela recebeu o diagnóstico de diabetes tipo 1, doença autoimune crônica em que o sistema imunológico ataca células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. No caso da jovem, que hoje tem apenas 17 anos, a situação é grave.

A mãe, Marinez Moura, relata que a descoberta foi traumática: “Lembro que ela foi para a escola e me ligou dizendo que não conseguia voltar para a sala de aula por causa de uma dor terrível nas pernas. Levei ela na UPA, fizeram exames e, quando o bioquímico viu o resultado, saiu correndo atrás da médica porque ela estava com risco de infarto. Foi assim que descobrimos que era diabetes.”

A época do diagnóstico foi marcada pelo descontrole extremo da glicemia. A taxa variava de 600 a 700 e, em pouco tempo, caía para 40 ou 45, o que gerava o risco de coma tanto por hiperglicemia quanto por hipoglicemia. E mesmo durantes as internações prolongadas, Lucimara não desistia dos estudos. Até que chegou o momento em que ir para escola não era mais possível.

Estudante Lucimara Moura é diagnosticada com diabetes tipo 1. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Foi nesse momento que o Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD) tornou-se essencial para assegurar seu direito à educação e para que ela continuasse a ter sonhos. “Quero terminar meus estudos, entrar na faculdade e realizar meu sonho de cursar medicina veterinária”, relata a estudante.

O APD é um serviço educacional especializado desenvolvido na residência de alunos que, por prescrição médica, estão impossibilitados de frequentar a escola. Por tempo determinado, professores levam até a casa do estudante atividades, explicações e acompanhamento individualizado, garantindo acesso ao currículo e evitando evasão ou fracasso escolar.

Aparelhos mostram taxa de insulina. No caso da estudante, o monitoramento deve ser constante. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Com Lucimara, quem faz esse acompanhamento é a professora Cristina Barroso, que encontrou a realização profissional no Atendimento Pedagógico Domiciliar. “Nossa convivência é recíproca. A Lucimara é dedicada e inteligente. Para mim, atuar no APD é gratificante, porque além de ensinar conteúdos, apoio a trajetória de vida da aluna”, conta.

Na rede estadual acreana, o atendimento é solicitado pela família mediante laudo médico e relatório pedagógico, assegurando a continuidade da escolarização formal com um currículo flexibilizado. No Acre, o serviço integra a rede por meio do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE)

Lucimara sonha em terminar os estudos e cursar medicina veterinária. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Além do APD, o estado também conta com três classes hospitalares. As turmas funcionam no Hospital da Criança, no Hospital do Câncer (Unacon) e no Hospital de Saúde Mental (Hosmac), permitindo que alunos internados não percam o vínculo com a escola.

Para a mãe da Lucimara, o APD representa esperança em meio a luta. “O atendimento que a minha filha está tendo é algo que eu não tinha visto antes, e esse apoio faz toda a diferença”, relata.

Um tema em evidência

Histórias como a da Lucimara mostram como é importante a existência de políticas públicas que asseguram o direito à educação em situações de vulnerabilidade.

Mãe, aluna e professora mostram como políticas como a do APD podem fazer a diferença. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Em outubro, o Acre será palco de dois grandes eventos que aprofundam esse debate: o 3º Simpósio Internacional de Atendimento Escolar Hospitalar e Domiciliar e o 13º Encontro Nacional de Atendimento Escolar Hospitalar e Domiciliar, que reunirão especialistas do Brasil, Colômbia, Portugal, Moçambique e outros países parceiros.

Com o tema “A intersetorialidade dos saberes: contribuições ao Atendimento Escolar Hospitalar e Domiciliar”, os eventos vão discutir práticas, pesquisas e experiências que transformam vidas de estudantes como Lucimara, fortalecendo o compromisso com a inclusão educacional e a garantia de direitos.

Os profissionais interessados devem se inscrever e submeter trabalhos científicos pelo link: https://forms.gle/Vcw5W8wmDqtzhSVC6.

[Agência de Notícias do Acre]

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