Durante uma entrevista concedida ao portal Metrópoles nesta sexta-feira, 29 de agosto, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que pretende concorrer à Presidência da República caso seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, permaneça inelegível. Eduardo está morando nos Estados Unidos desde fevereiro e cogita a possibilidade de realizar uma campanha inteiramente virtual, caso sua candidatura avance.
Ao comentar os possíveis cenários para 2026, o parlamentar também sugeriu que pode deixar o Partido Liberal se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (atualmente no Republicanos), migrar para a sigla. Tarcísio é visto por parte do grupo bolsonarista como um potencial candidato à sucessão presidencial.
“Se o meu pai não puder ser candidato, eu gostaria de disputar. Mas se o Tarcísio entrar no PL, não haverá espaço para mim. Estou no meu terceiro mandato, sei como as coisas funcionam. Provavelmente teria que buscar outro partido”, afirmou o deputado.
Mesmo tendo retomado oficialmente seu mandato em 21 de julho, após uma licença de 120 dias, Eduardo Bolsonaro ainda não retornou ao Brasil. Ele enviou um ofício à Câmara dos Deputados solicitando autorização para exercer o cargo remotamente a partir dos Estados Unidos. Segundo ele, sua permanência no exterior se deve a uma suposta perseguição política, e cabe agora ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidir se o pedido será aceito.
“Existe tecnologia para isso. Posso participar de comissões, trabalhar remotamente. É uma solução possível. O que precisamos agora é que o presidente da Câmara tome uma decisão e enfrente as consequências”, disse o parlamentar.
Investigado pelo STF
Eduardo Bolsonaro também é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal por possível crime contra a soberania nacional. A suspeita é de que ele tenha articulado, nos Estados Unidos, sanções contra o Brasil em resposta a decisões do Judiciário, especialmente as conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
Segundo Eduardo, a proposta inicial era pressionar o governo norte-americano para aplicar sanções pessoais a Moraes. No entanto, o ex-presidente Donald Trump, a quem ele recorreu, optou por sobretaxar produtos brasileiros. Desde 6 de agosto, os EUA impõem uma tarifa adicional de 50% sobre determinadas importações do Brasil.
“Eu confio no presidente Trump. Ele tem muito mais experiência nesse tipo de estratégia. Ele entendeu que existe um aparato financeiro que sustenta o atual regime e preferiu começar as pressões por esse caminho”, declarou Eduardo.
Pressão por cassação
Mais cedo nesta sexta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu publicamente a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro. Em entrevista, Lula afirmou que o deputado agiu como um traidor do país ao apoiar sanções externas contra o Brasil. “Já falei com Hugo Motta e com outros parlamentares. É preciso cassar Eduardo Bolsonaro. Ele não pode continuar exercendo o mandato”, declarou o presidente.
No dia 15 de agosto, o presidente da Câmara encaminhou quatro representações ao Conselho de Ética da Casa pedindo apuração contra Eduardo Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar. Três dessas ações foram protocoladas pelo PT e uma pelo PSOL. O deputado é acusado de conspirar contra o Judiciário e de colaborar com ações que visam prejudicar economicamente o país.
As representações pedem que o Conselho investigue as denúncias e avalie a possibilidade de punições, incluindo a cassação de mandato.

