30.3 C
Rio Branco
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
O RIO BRANCO
AcreGeral

Dr. Pedro Pascoal no Tribuna Livre

Na última segunda-feira, o programa Tribuna Livre, da TV Rio Branco, recebeu o Secretário de Estado de Saúde do Acre, Dr. Pedro Pascoal, para uma conversa franca e reveladora sobre os rumos da saúde pública no estado. Entre números expressivos, desafios persistentes e projeções futuras, a entrevista ofereceu um panorama detalhado da gestão, destacando tanto as vitórias quanto as áreas que ainda necessitam de atenção.

Um dos pontos altos da conversa foi, sem dúvida, o sucesso do programa Opera Acre. O secretário apresentou números que impressionam: mais de 54 mil procedimentos realizados desde o início do programa, com um marco de 11 mil cirurgias apenas este ano. Este feito notável demonstra um esforço concentrado do governo para reduzir as filas de espera, um dos maiores gargalos históricos da saúde acreana, e representa um alívio direto para milhares de cidadãos.

Com uma honestidade louvável, Pascoal fez questão de frisar que a gestão não está “vendendo uma saúde de primeiro mundo”. Ele reconheceu abertamente que as portas de emergência, como prontos-socorros e UPAs, ainda enfrentam grandes desafios e precisam de melhorias. Essa postura realista, que equilibra a celebração dos avanços com o reconhecimento dos problemas, confere credibilidade à sua gestão e estabelece um diálogo transparente com a população.

A estratégia de descentralização e fortalecimento das regionais de saúde, especialmente a de Cruzeiro do Sul, foi apresentada como um pilar da administração. O secretário destacou a implementação de serviços de alta complexidade no Juruá, como neurocirurgia, ressonância magnética e até um aparelho de cateterismo. Essa regionalização efetiva quebra o antigo paradigma de que o melhor hospital da região era “o aeroporto para Rio Branco”, levando atendimento especializado para mais perto dos cidadãos do interior.

A discussão sobre a contratualização da saúde, popularmente conhecida como terceirização, foi outro momento crucial. Pascoal desmistificou o tema, usando o Hospital do Juruá como um “case de sucesso”. Ele argumentou que a parceria com o terceiro setor, quando bem fiscalizada, traz mais agilidade e eficiência. Segundo ele, é mais prático gerenciar um único contrato focado em metas e resultados do que administrar os mais de 990 contratos que a secretaria possui hoje, que vão desde a compra de medicamentos à manutenção predial.

Para reforçar seu ponto, o secretário apresentou um estudo comparativo impressionante: enquanto o custo per capita do atendimento na regional do Juruá é de R$ 22,40, o da regional de Brasiléia, sob administração direta, sobe para R$ 43,80, quase o dobro, entregando apenas 30% dos serviços oferecidos no Juruá. Esses dados econômicos trazem uma nova perspectiva para o debate sobre os modelos de gestão na saúde pública.

Abordando as crises de saúde, Pascoal garantiu que o Acre está preparado para lidar com os casos de intoxicação por metanol, informando que o estado foi um dos primeiros a receber os antídotos do Ministério da Saúde. Ao ser questionado sobre uma futura pandemia, ele foi cauteloso, afirmando que nenhum sistema está 100% pronto, mas ressaltou a incrível capacidade de adaptação e resiliência do SUS.

O secretário também foi provocado sobre seu futuro político e uma possível candidatura nas próximas eleições. De forma diplomática, ele não descartou a possibilidade, mas afirmou que seu foco atual é a gestão da saúde. Ligou qualquer decisão futura ao seu grupo político, liderado pelo governador Gladson Cameli, e ao partido Progressistas, deixando a porta aberta, mas sem se comprometer.

Em um dos momentos mais interessantes, Pascoal explicou o desafio de sobrecarga nas UPAs. Ele apontou que 60% dos atendimentos a nível nacional são de casos de baixa complexidade (fichas verdes e azuis), que poderiam ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Ele anunciou a implementação do protocolo “Fast Track” para agilizar o atendimento a esses pacientes e otimizar o fluxo nas emergências.

Ao final, a entrevista tocou em um ponto pessoal: o legado da família Pascoal na política acreana. O secretário reconheceu a existência de um “resgate a ser feito” e afirmou que seu trabalho competente à frente da saúde é uma forma de mostrar o potencial e o compromisso de sua família com o estado, enfrentando “a guerra que for necessária”. Uma declaração forte que encerrou a conversa com um tom de missão pessoal e pública.

 

Compartilhe:

Artigos Relacionados

Emerson Jarude propõe mudanças na fiscalização de empreendimentos no Acre

Marcio Nunes

Em Cruzeiro do Sul, vice-governadora Mailza reforça compromisso da gestão com a Segurança Pública no Juruá

Raimundo Souza

Jorge e Mateus se apresentam neste domingo, na última noite da Expoacre 50 anos

Raimundo Souza

Carreta da Defensoria Pública chega a Plácido de Castro neste sábado com diversos serviços

Marcio Nunes

Acre assina termo de cooperação para compartilhamento de tecnologia em operações policiais com Rondônia e Mato Grosso

Redacao

Em apresentação na Expoacre, vice-governadora Mailza enaltece o programa Mães da Ciência e o protagonismo de mães solo no Acre

Raimundo Souza