A educação é uma ferramenta muito usada para transformação de vidas. Com esse objetivo, e com intuito de ressocializar e garantir um regresso à sociedade com oportunidades para pessoas privadas de liberdade, o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) tem investido cada vez mais na educação.
Em um projeto, custeado pelas penas pecuniárias do Poder Judiciário, tablets foram adquiridos para que internos pudessem fazer cursos de educação à distância (EAD). Um desses equipamentos foi destinado a C. O. para acompanhar as aulas do curso de graduação em contabilidade, para o qual foi aprovado com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conquistou uma bolsa integral pelo Programa Universidade Para Todos (Prouni).
O detento conta como era a rotina de estudos para conquistar essa bolsa: “Estudava mesmo, através dos livros que tinha lá, algumas revistas, tudo que aparecia. Eu fiz o Enem de novo, passei e consegui essa bolsa.”
Aldemar Rocha de Carvalho Neto, chefe de segurança do Núcleo de Custódia Especial, conhecido como UP4, onde C. O. cumpre pena, acompanha a rotina de estudos do interno de perto e acha muito importante a iniciativa: “Para nós é uma conquista, eu vejo isso assim com uma maturidade muito grande por parte da instituição, em avançar nesse requisito de ter presos fazendo nível superior, para que esses presos não voltem a ser captados novamente pelo sistema”, ressalta.
Para conseguir acompanhar o curso universitário, a equipe de educação do Iapen baixa todos os conteúdos offline e faz o intermédio com a faculdade, já que por medidas de segurança, o detento não pode acessar o ambiente online.
A chefe da Divisão de Educação do Iapen, Margarete Santos, explica que esse é o primeiro passo para construir uma política de educação superior dentro do sistema prisional: “É um desafio que nós temos tido, porque são os primeiros em educação superior aqui no estado a fazer no formato EaD. Nós podemos considerar uma ação piloto. Os caminhos, as configurações, a rotina, os fluxos, para que a gente possa garantir que eles cumpram as etapas previstas pelas universidades, ainda estão sendo construídos.”
Com um futuro longe do presídio, já que está próximo de progredir do regime e sair, C. faz planos para o futuro. “É uma boa ajuda, né? Completar um curso universitário pra até mesmo no caso de eu abrir uma empresa”, ressaltou.
[Agência de Notícias do Acre]