Atualizada em 19/04/2025 09:30
Imagem: A Inteligência Artificial pode ser uma ferramenta que facilita o contribuinte na realização da declaraçãoArte
*Com informação do O DIA
Atualmente, o órgão federal já incorpora IA no sistema, porém ainda de forma limitada
Com o avanço constante da tecnologia, especialmente da Inteligência Artificial (IA), muitos contribuintes têm buscado essa ferramenta como aliada na hora de declarar o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). Os novos recursos trazem benefícios, mas é imprescindível estar atento aos possíveis erros que essa tecnologia pode gerar no preenchimento da declaração.
O DIA conversou com especialistas em Direito tributário, Direito Digital e Contabilidade, além do supervisor nacional da Receita Federal, para destacar os cuidados que devem ser tomados para evitar falhas no documento. É importante lembrar que fornecer suas informações pessoais e bancárias a qualquer ferramenta de IA sem verificar sua confiabilidade pode resultar no vazamento de dados, que podem acabar sendo armazenados ou utilizados por terceiros não autorizados.
Ferramentas de IA são seguras para preencher a declaração?
A Inteligência Artificial pode ser uma aliada valiosa na hora de preencher a declaração do IRPF, desde que utilizada com critérios bem definidos. Para isso, é fundamental avaliar a qualidade do algoritmo e a transparência da plataforma.

O especialista em Direito Digital Alexander Coelho destaca que a segurança é o principal ponto a ser considerado ao escolher uma ferramenta, com o objetivo de proteger os dados pessoais e financeiros do cidadão.
“O contribuinte deve considerar três aspectos essenciais ao optar por uma IA: base legal e política de privacidade claras, que informem onde os dados são armazenados e se há compartilhamento com terceiros; histórico e reputação da empresa desenvolvedora, dando preferência a plataformas vinculadas a instituições financeiras ou empresas com atuação consolidada no setor; e, claro, a possibilidade de auditoria humana, caso haja dúvidas ou inconsistências na declaração gerada”, destaca Coelho.
O supervisor nacional do Programa do IRPF, José Carlos Fonseca, também alertou para os riscos do uso de ferramentas não oficiais, principalmente diante do aumento de páginas falsas que visam a capturar dados financeiros.
“É sempre importante verificar a origem da ferramenta. Diversas páginas e aplicativos falsos são criados com o intuito de roubar informações pessoais. Por isso, não sendo uma ferramenta oficial da Receita Federal, desconfie, para evitar problemas com o Fisco”, orienta o supervisor.
Diante disso, precauções devem ser tomadas na hora de escolher uma IA para auxiliar no preenchimento da declaração.
A Receita utiliza IA no programa do IRPF?
Atualmente, a Receita federal já incorpora Inteligência Artificial em seu sistema, embora ainda de forma inicial. Segundo José Carlos Fonseca, está em funcionamento um chatbot no site do órgão, com funcionalidades limitadas.
“Estamos desenvolvendo uma IA na Receita, porém ela envolve uma complexidade gigantesca, o que torna o processo demorado. No momento, temos um chatbot na página principal – o ‘Pergunta pro Leo’ – que utiliza IA de forma básica, respondendo apenas perguntas simples”, explicou Fonseca.

Ele acrescenta que o “Leo” é continuamente aprimorado a partir das perguntas recebidas, mas ainda carece de capacidade para lidar com questões mais complexas.
O preenchimento automático com IA não é 100% confiável. Por mais que essas ferramentas sejam desenvolvidas com alta tecnologia, ainda apresentam falhas consideráveis. Por isso, é importante ficar atento para não cair na malha fina por falta de conferência.
O advogado tributário Guilherme Di Ferreira explicou que os sistemas podem interpretar dados de forma equivocada e acabar prejudicando o contribuinte.
“Existem riscos de erros no preenchimento automático com IA. Embora essas soluções sejam projetadas para minimizar falhas, elas não são infalíveis. Equívocos podem acontecer por interpretações incorretas das informações ou por limitações no algoritmo”, alerta o especialista.
Di Ferreira alertou que as inconsistências geradas por esses erros podem levar o cidadão a problemas com a Receita Federal. “Essas falhas podem resultar em inclusão na malha fina ou em outros penalidades, já que a responsabilidade final pela exatidão dos dados é sempre do contribuinte”, concluiu o advogado.