Bolivianos decidem novo presidente neste domingo Foto: EFE/Luis Gandarillas
Candidatos de direita e centro-direita lideram a disputa presidencial no país
Os bolivianos vão às urnas neste domingo (17) para eleger o novo governo e o Parlamento para o próximo quinquênio, em eleições gerais que podem marcar uma guinada política para o centro ou para a direita após 20 anos de hegemonia dos governos do esquerdista Movimento ao Socialismo (MAS).
Na Bolívia, 7,5 milhões de pessoas maiores de 18 anos estão habilitadas para eleger presidente, vice-presidente e os parlamentares para um período de cinco anos, e outros 369,3 mil cidadãos estão aptos a votar no exterior, embora possam escolher somente a chapa presidencial e não sejam obrigados a votar.
Entre as oito organizações políticas que concorrem às eleições, duas candidaturas opositoras aparecem como favoritas: a do empresário de centro-direita Samuel Doria Medina e a do ex-presidente de direita Jorge Tuto Quiroga, que podem disputar um inédito segundo turno, caso se confirme o que mostram as pesquisas.
Se isso ocorrer, será a primeira vez que a Bolívia terá um segundo turno, possibilidade incluída na Constituição vigente desde 2009 que estabelece que haverá segundo turno se nenhuma das candidaturas alcançar mais de 50% dos votos válidos ou um mínimo de 40% com pelo menos dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Esse cenário também representará a saída da esquerda do poder, pois as pesquisas situam o governista Eduardo del Castillo nos últimos lugares, enquanto o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, da Aliança Popular, que era considerado o sucessor do ex-presidente Evo Morales, também não aparece com porcentagens que o aproximem sequer do segundo turno.
O partido governista concorre dividido à disputa eleitoral, pois, além das candidaturas de Del Castillo e de Rodríguez, Evo Morales se desvinculou do MAS após não conseguir ser novamente o candidato desse partido.
Morales tem insistido em ser candidato apesar de uma disposição constitucional que o impede de voltar a concorrer porque já governou o país em três períodos e tampouco tem um partido político. Nos últimos meses, os seguidores do ex-presidente protagonizaram diversos protestos para forçar sua inscrição, mas, ao não conseguir seu objetivo, Morales e seus seguidores passaram a promover o voto nulo.
As pesquisas também mostraram uma alta porcentagem de indecisos, votos em branco e nulos, inclusive antes de Morales iniciar sua campanha. Segundo a norma vigente, os votos nulos e em branco não entram nos válidos e somente são considerados para fins estatísticos da votação em um processo eleitoral.
Caso os votos nulos e em branco somem a maioria, a eleição dos novos dignitários será realizada com base nos votos válidos, mesmo que tenham obtido minoria. As seções eleitorais devem abrir a partir das 8h (horário local, 9h de Brasília) e vão funcionar durante oito horas contínuas, ou até que o último eleitor na fila tenha emitido seu voto.
O voto na Bolívia é obrigatório e, após votar, a pessoa recebe um certificado de sufrágio que deverá apresentar para realizar qualquer trâmite em instituições públicas e nos bancos nos 90 dias posteriores às eleições. A Bolívia contará para esta eleição com o Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares (Sirepre), cujo funcionamento foi testado com simulações nos nove tribunais eleitorais departamentais.
Também estão mobilizadas 14 missões internacionais de observação eleitoral, as mais numerosas as da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), além de outras cinco delegações nacionais para vigiar o processo. No país, vigora o silêncio eleitoral desde quinta-feira (14) e o “auto de bom governo”, que desde sexta (15) proíbe aglomerações ou reuniões em massa, e a venda de bebidas alcoólicas.
Além disso, neste domingo estará proibida a circulação de veículos que não possuam autorização do órgão eleitoral.
*EFE/PN

