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quarta-feira, 26 de novembro de 2025
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Brasil

Ato bolsonarista em SP tem bandeira gigante dos EUA e pedido por anistia

7.set.2025 – Ato bolsonarista na avenida Paulista tem bandeiraço dos EUA
Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

(Por Do UOL, em São Paulo)

Os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) se reúnem na avenida Paulista para pedir anistia
ao ex-presidente em meio ao julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) da trama
golpista.

O que aconteceu

Apoiadores do ex-presidente estenderam um “bandeiraço” dos Estados Unidos
no meio da Paulista. No ato da esquerda mais cedo, a militância abriu uma bandeira
do Brasil. No ato oficial de 7 de Setembro, em Brasília, o mote foi “Brasil Soberano”,
numa tentativa de resgatar símbolos nacionais usados pela direita nos últimos anos.

Outras capitais receberam protestos, mas a manifestação em São Paulo segue
sendo o principal palco dos atos. Organizado pelo pastor Silas Malafaia, o ato
explora os argumentos reverberados pela direita de que o julgamento da trama golpista
no STF é uma “perseguição política” e que a “sentença já está dada”.

Bolsonaristas levaram cartazes com frases em agradecimento a Donald Trump e
pedindo impeachment de Alexandre de Moraes. Há também faixas pedindo
liberdade para a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Os bolsonaristas exaltam o
presidente dos EUA após o governo americano aplicar a Lei Magnitsky contra o ministro
do STF e oficializar um tarifaço de 50% ao Brasil.

Michelle Bolsonaro (PL) foi ovacionada pelos participantes ao chegar na
Paulista. A ex-primeira-dama segura um boneco do ex-presidente e chorou ao subir no
carro de som.

O discurso do governador de São Paulo atacou o STF e “advogou” por
Bolsonaro. Tarcísio de Freitas (Republicanos) é cotado como possível candidato ao
Planalto em 2026 (leia mais abaixo). Além dele, senadores, deputados federais e
estaduais, e vereadores, também estão presentes.

7.set.2025 – Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, segura boneco do marido Jair Bolsonaro durante ato na avenida Paulista -Imagem: Adriana Negreiros/UOL

Ao discursar, o presidente nacional do PL negou que houve tentativa de golpe. Valdemar da Costa Neto chamou o 8 de Janeiro de “baderna generalizada” e disse que é preciso “punir aquele pessoal”. Ele pediu, entretanto, anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos.

Esse é o segundo protesto sem a presença de Bolsonaro. No último, em 3 de agosto, ele já cumpria medidas cautelares determinadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e chegou a aparecer por videochamada em ato na Paulista e no Rio.

Tarcísio ataca Moraes

O governador de São Paulo subiu o tom contra o STF e chamou Moraes de “tirano”. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”, afirmou Tarcísio após os manifestantes gritarem “Fora, Moraes”

Cotado como possível candidato ao Planalto em 2026, o governador disse que
não é possível ser “tímido” neste momento. “Para nós, só existe um líder”, disse,
em alusão a Bolsonaro. O centrão e parte dos bolsonaristas defendem a candidatura de
Tarcísio, mas ela depende do aval do ex-presidente, que está inelegível até 2030.

“A condenação sem prova abre uma ferida que nunca vai fechar”, afirmou
Tarcísio. Segundo ele, o julgamento da trama golpista no STF está “maculado” e
“viciado” — o que justificaria uma anistia em sintonia com “a nossa tradição de
reconciliação”. O governador citou frase usada pelo ministro do Supremo.

O ex-ministro de Bolsonaro também cobrou uma posição de Hugo Motta. Desde
o começo do ano, o presidente da Câmara sofre pressão da direita para pautar o
projeto que pode livrar Bolsonaro do STF. “É por isso que a gente está aqui para
defender a anistia”, afirmou Tarcísio.

“A impunidade deixaria uma ferida aberta, deixaria uma cicatriz, mas também a gente não pode topar uma condenação sem prova. A condenação sem prova abre uma ferida que nunca vai fechar.”

-Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

7.set.2025 – Concentração de ato bolsonarista na avenida Paulista, em São Paulo
Imagem: Adriana Negreiros/UOL

Malafaia cita investigação contra PF

Para o pastor, Moraes “está destruindo o Estado Democrático de Direito”. “Eu
achei que estava demorando muito a chegar minha vez”, comentou Malafaia sobre a
operação da Polícia Federal do último dia 20 — na qual o líder religioso foi alvo por
supostamente obstruir o julgamento da trama golpista.

Parte da Polícia Federal atua como “Gestapo de Alexandre de Moraes”, disse
pastor. A fala é uma alusão à polícia política do regime nazista. Segundo ele, os
diálogos de Malafaia com Bolsonaro revelados pela operação do dia 20 tinham o
objetivo de “denegrir sua imagem” no meio evangélico.

“Eu e Bolsonaro fomos contra a ida de Eduardo para América”, disse pastor.
“Agora, eu entendo, porque se Eduardo estivesse aqui, ele já teria ido para cadeia”,
afirmou. Eduardo é filho de Bolsonaro e está nos EUA desde março, de onde articulou
sanções contra produtos brasileiros junto ao governo americano.

Julgamento no STF

Julgamento da trama golpista será retomado na próxima terça-feira. Os ministros
da Primeira Turma têm até a sexta-feira, dia 12, para decidir pela absolvição ou
condenação de Bolsonaro e os outros sete réus do núcleo crucial.

A sessão começa com o voto de Moraes. O ministro é relator da ação que investiga a tentativa de golpe de Estado. Depois dele, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por fim, o presidente da Turma, Cristiano Zanin, proferem seus votos

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