32.3 C
Rio Branco
sábado, 10 de maio de 2025
O RIO BRANCO
BrasilGeral

Associações fraudaram mortes para lavar dinheiro do INSS, aponta PF

Atualizada em 10/05/2025 10:15

Operaç]ão da PF contra fraudes de descontos no INSS
Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Investigação da Polícia Federal aponta que associações suspeitas de
irregularidades nos descontos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
usavam uma funerária para fraudar a morte de aposentados e lavar dinheiro
oriundo do esquema.

A Global Planos Funerários recebeu, segundo dados do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), R$ 34 milhões da Caap (Caixa de
Assistência aos Aposentados e Pensionistas) e R$ 2,3 milhões da Aapen
(Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional), investigadas pela
PF por descontos sem autorização nas contas do INSS. As duas entidades
ficam no Ceará e, por isso, estão sendo investigadas pela PF lá.

A Justiça Federal viu suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo as
entidades, autorizou buscas nos endereços delas e mandou bloquear até R$
147,3 milhões da Caap, R$ 147,3 milhões da Global e até R$ 202 milhões da
Aapen.

A empresa Global também tem sede no Ceará, onde um serviço funerário pode
custar até R$ 4.000, segundo relatório da PF. Dessa forma, os valores,
repassados entre 2022 e 2024, serviriam para custear o enterro de 8.713
pessoas, 19 associados mortos por dia.

No caso da Aapen, seriam 3,78 mortes por dia. A PF questiona como essas
associações, mesmo com tantas supostas mortes, mantiveram intacta a
quantidade de associados que pagavam mensalmente suas contribuições pelas
contas do INSS.

A PF também identificou que, em relação à Caap, os pagamentos à funerária
começaram em novembro de 2022, dois meses após a entidade começar a
receber valores descontados dos aposentados por meio de um acordo com o
INSS.

A Global Planos Funerários pertence a José Lins Neto, ex-presidente da Caap
e vinculado à Aapen. Outro indício de que as mortes são falsas é que, na
realidade, nenhuma das duas associações, Aapen ou Caaps, oferecia plano
funerário a seus associados.

O Coaf identificou que, enquanto recebia repasses das associações, a
funerária repassou R$ 12 milhões para a Clínica e Laboratório Máxima Saúde
Ltda, que tem entre os sócios o genro da tesoureira da Aapen, Maria Luzimar
Rocha Lopes.

A PF aponta, em relatório obtido pelo UOL, que esse caminho (das
associações à Global e depois, à Máxima) era usado para lavar dinheiro dos
descontos ilegais. “Difícil entender uma prestação de serviços funerários para a
Global pela empresa Máxima Saúde bem como o elevado montante de
recursos que justifique tal transferência”, diz a PF no relatório.

A tesoureira da Aapen recebeu R$ 700 mil em transações suspeitas, segundo o
Coaf. Já que Maria Luzimar teria se beneficiado do esquema, a PF aponta que
ela “não é propriamente uma laranja”, ou seja, que não era apenas uma
intermediária.

No início de 2024, a Caap tinha 265,4 mil associados com descontos na conta
do INSS. Já a Aapen tinha 382,4 mil, sendo que todos deram as autorizações,
supostamente, durante o ano de 2023 —em 2022, não havia nenhum desconto
autorizado.

A Aapen faturou R$ 81,9 milhões com descontos de associados desde 2019, e
a Caap, R$ 48 milhões. Ambas foram presididas por Cecília Rodrigues Mota,
suspeita de ter desviado o dinheiro dessas instituições para enriquecimento
ilícito e pagamento de propina.

Uma auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) ouviu, de forma
amostral, 210 supostos associados da Aapen, e todos disseram que o
desconto não tinha sido autorizado. Na Caap, uma pessoa de 215 disse que
autorizou o pagamento.

A funerária Global teve o CNPJ encerrado na Receita Federal em 1º de abril
deste ano, mês em que foi alvo de operação da PF (no dia 23). A reportagem
tentou contato no telefone da empresa cadastrado na Receita, mas ninguém
atendeu.

Procuradas, a Caap, a Aaapen e a Máxima Saúde, não responderam. A
reportagem também não obteve resposta de Cecília Rodrigues Mota, José Lins
Neto e Maria Luzimar Rocha Lopes.

*Com informação da Natália Portinari/UOL

Artigos Relacionados

Valdemar Costa Neto é preso por porte ilegal de arma

Marcio Nunes

Esquerda mira nacional-populismo de Bolsonaro com marketing do boné

Raimundo Souza

Saques dos precatórios de 2022, 2023 e 2024 começam a ser liberados

Jamile Romano

Prefeito de Rio Branco prestigia posse da nova Defensora Pública Geral do Acre, Juliana Marques

Raimundo Souza

Filha de médico pede inelegibilidade de Pablo Marçal por laudo falso

Raimundo Souza

Ministério da Saúde assina contrato para compra de 12,5 milhões de vacinas da Covid-19

Raimundo Souza